Crimes contra a mulher na mira da polícia de Cabo Frio

Dra. Cláudia Faissal é a delegada titular da Deam

Delegada da Delegacia de Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) quer fortalecer a rede em prol do gênero feminino

Ana Lúcia de Oliveira

Com pouco mais de um mês de funcionamento, a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), que funciona no prédio da 126ª DP (Cabo Frio), já tem todo o aparato necessário para receber as mulheres vítimas de violência. De acordo com o delegada titular, Cláudia Faissal, a intenção é fortalecer toda a rede de atendimento, buscando resolver os problemas não só policiais, mas também os relativos à segurança e os sociais. 

A Deam tem área só para atendimento especializado

"A Deam faz o papel de polícia e é voltada, totalmente, para a violência de gênero. Mas é preciso a atuação do CRAM (Centro de Referência em Atendimento à Mulher), Conselho Tutelar, a Defensoria Pública, o Ministério Público, os Juízes e todos os órgão que possam somar no atendimento da mulher em situação de violência. Isso porque, na Deam é feito o registro de ocorrência, aberto o inquérito e os envolvidos são ouvidos. Mas, se houver a necessidade de medidas protetivas e atendimento social, entre outras providências, as mesmas acontecem em outras esferas da Justiça e do poder público. Por essa razão é preciso fortalecer a rede de atendimento à mulher", explicou a delegada.

E é isso que está acontecendo em Cabo Frio, conforme afirma a titular da Deam. Segundo ela, a nova delegacia atende a crimes específicos como violência doméstica, ameaça, lesão corporal, estupro e ato obceno. "Toda violência que surge pelo fato de ser mulher é tratada na Deam", disse Cláudia Faissal. De acordo com ela, por estar recente, ainda não há dados e estatísticas sobre o trabalho da delegacia. Mas os casos estão aparecendo.

"Estamos atendendo muitos casos recorrentes. Aliás a reincidência acontece muito. Precisamos, inclusive, de uma rede para estender o apoio ao homem também. Pois temos notado muitos casos em que a violência acontece por causa de problemas com o alcoolismo.  Então, na verdade, trata-se de um problema social e até de saúde pública. Muitas vezes é preciso ir mais fundo do que a ocorrência policial. Por isso é preciso uma rede de serviços especializados e voltados para toda a família", afirmou a delegada.

A Deam fica em Cabo Frio, na Avenida Teixeira e Souza, no Jardim São Francisco, em anexo à 126ª DP. Apesar de ser no município cabo-friense, ocorrências vindas de Búzios, Arraial do Cabo e São Pedro da Aldeia podem ser registrado na delegacia. "A Deam tem uma atribuição concorrente e não exclusiva. O que isso significa? Uma mulher, vítima de violência, tem direito a ser atendida e registrar o crime na delegacia da cidade dela. Mas, se ela preferir vir à Deam em Cabo Frio, o atendimento não lhe será negado", explicou.

A famosa Maria da Penha

A famosa lei que protege a mulher contra qualquer tipo de violência, a Lei Maria da Penha - nº 11.340 - completa o quinta ano em 2013. Para a delegada Cláudia Faissal, a lei por si só não resolve totalmente o problema, mas cria uma nova consciência na socieadade. "Os homens hoje em dia têm medo de ser enquadrado na Lei Maria da Penha. Com isso, criou-se um certo bloqueio que podemos chamar de uma nova consciência. Ou seja, o homem hoje sabe que não vai sair impune se agredir qualquer mulher", afirmou Claudia Faissal.