Foto ilustrativa
RIO - Quem passa pela orla ao norte do Centro de Macaé, antes uma área de mangues e vilas de pescadores, logo constata o que mostra o estudo sobre aglomerados subnormais do Censo 2010 do IBGE: uma sequência de favelas que tornam explícita a explosão populacional em ocupações precárias na cidade. Numa cruel consequência do crescimento econômico do município, puxado pela indústria do petróleo, Macaé tinha no ano passado, segundo o IBGE, 36.233 pessoas em favelas (17,5% da população). E era o símbolo de um fenômeno que ocorreu em todo o interior do estado. Enquanto entre 2000 e 2010 a população em comunidades carentes da Região Metropolitana aumentou 36,7%, no interior o salto foi de 121%, chegando a 312.915 pessoas, mais do que a população de cidades como Volta Redonda e Petrópolis.
Maior comunidade do interior fica em Cabo Frio
Em Macaé, esse crescimento foi de aproximadamente 70% (em 2000, eram 21.264 moradores em aglomerados subnormais no município). No ano passado, entre as dez maiores favelas fora da Região Metropolitana, três eram da cidade: Ilha Malvinas, a segunda do ranking, com 8.109 moradores; Nova Esperança, com 7.436; e Nova Holanda, com 5.442. As demais eram de Angra dos Reis (três), Petrópolis (duas) e Teresópolis (uma). E a maior delas, o Jacaré, com 8.384 moradores, fica em Cabo Frio, cidade na área de influência da indústria do petróleo.
Há alguns anos, o Jacaré era apenas um bairro pobre. Mas se expandiu desordenadamente e, em 2010, foi classificado pela primeira vez como um aglomerado subnormal. Foi na comunidade que ocorreram três dos cinco casos de meningite em Cabo Frio este mês. E, segundo o Secretário de Desenvolvimento da cidade, Carlos Victor Mendes, há dificuldades como falta de saneamento. Ele explica que o crescimento ali se deve, sobretudo, a um movimento migratório de pessoas em busca de emprego:
— Esse movimento vem nos preocupando muito. Atuamos na tentativa de conter a ocupação desordenada, mas verificamos hoje até um crescimento vertical do Jacaré.
Em Macaé, a migração também é apontada como um dos motivos que contribuíram para o aumento das favelas. Secretário de Desenvolvimento do município, Cliton da Silva Santos afirma que a maioria dos novos moradores se estabeleceu na cidade em busca das oportunidades na indústria do petróleo (Macaé deve receber só este ano cerca de R$ 450 milhões em royalties, o equivalente a mais de 40% do seu orçamento). Grande parte, porém, chegou sem qualificação profissional e muitos se alojaram nas favelas, vindos do Norte, do Nordeste e de Minas Gerais.
— A cidade ficou sufocada por essa migração. Aconteceu numa velocidade muito maior do que qualquer planejamento possível. Estamos fazendo todos os esforços para conter a favelização. Criamos uma área na Guarda Municipal apenas para essa função. E sobrevoamos essas áreas até com ultraleves.
UPPs fizeram bandidos migrar para Macaé
Tanto em Cabo Frio quanto em Macaé, a favelização causou também uma escalada da violência. O Jacaré, por exemplo, no caminho entre o Aeroporto Internacional de Cabo Frio e Búzios, é alvo constante de ações da polícia para tentar combater o tráfico. Já em Macaé, há anos várias comunidades são dominadas por uma das maiores facções criminosas do Rio. A situação piorou com a instalação de UPPs na capital: muitos traficantes fugiram de favelas ocupadas e foram para Macaé, como ressalta o comandante do 32º BPM (Macaé), tenente-coronel Ramiro Oliveira:
— Ocupamos as comunidades de Lagomar e Nova Holanda nos últimos meses. A Malvinas ocuparemos em janeiro. Esperamos reduzir os índices de violência em até 50%.
Além de Cabo Frio e Macaé, o IBGE identificou aglomerados subnormais em outros 21 municípios do interior. Alguns em cidades pequenas, com menos de 30 mil habitantes, como Silva Jardim, Pinheiral e Piraí. Em Itatiaia, com 28.852 moradores, 20,6% da população (5.953) viviam em favelas em 2010. Em Arraial do Cabo, com 27.770 habitantes, esse percentual foi de 23,9% (6.645). Foram encontradas favelas em 11 municípios fora da Região Metropolitana que em 2000 não tinham aglomerados subnormais.
Oi Renata , tá vendo aí como a coisa tá ficando feia , não basta só falar que estão tentando fazer algo, tem imediatamente que fazer alguma coisa, a menos de um mês foi denunciado aqui no seu blog o crescimento vertical do bairro Jacaré, ninguém faz nada , estão de braços cruzados assistindo esse crescimento de camarote, e estamos falando de um bairro que fica a menos de 10 minutos do centro da cidade , é lógico que sabemos que tem muitos trabalhadores, pessoas de bem ali nessa comunidade, mas a desordem é grande demais e cadê nossos governantes, não reclamem depois , a politicagem só sabe entrar ali em época de eleição, tanta coisa podendo ser feita , saneamento básico, revitalização do bairro e etc ... ainda dá tempo de socorrer esse bairro, mas tem que haver um postura séria e muito enérgica por parte dos nossos governantes. O Caso é sério Renata. Obrigado
ResponderExcluirRodrigo Paiva