terça-feira, 1 de abril de 2014

Coordenadora do Ceam Cabo Frio ressalta importância da mulher denunciar violência

Melhor maneira de superar traumas, como o estupro, 
é procurar ajuda profissional e denunciar agressão 

Mulheres se fotografam seminuas, em protesto
nas redes sociais / Divulgação

Ana Lúcia de Oliveira

Nada pode ser mais invasivo para a mulher do que a violência sexual. Mais que traumático, o crime provoca marcas profundas na vítima, que nunca mais será a mesma pessoa. Para a assistente social e coordenadora do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) de Cabo Frio, Lívia Guimarães, uma das formas de caminhar em direção à superação do trauma é a ajuda profissional e a denúncia do crime às autoridades.


Para atender os diversos casos de violência contra a mulher, o Ceam - que fica na Rua Getúlio Vargas, 173, no Parque Central, próximo à 126ª DP - conta com equipe interdisciplinar que vai ajudar a vítima de várias formas. São psicólogos, assistentes sociais, advogados e outros profissionais, que junto com a equipe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), vão unir esforços para socorrer e auxiliar a vítima de violência.


Em Cabo Frio, uma mulher foi estuprada na noite de domingo (30), após entrar em um Celta prata, cujo motorista fazia lotada (transporte pirata de passageiros) para o Jardim Esperança. Após deixar outras duas pessoas em pontos diferentes, a vítima seguiu para a Rua do Fogo junto com o tal motorista, que em determinado ponto parrou o carro e a estuprou. O caso ganhou espaço na imprensa da região. Mas a mulher não registrou ocorrência na delegacia, tampouco procurou os órgãos competentes, que possam auxilia-la.


Assistente social Lívia Guimarães
"É importante que a vítima procure ajuda profissional, para que a violência não acabe com ela psicologicamente e emocionalmente. Muitas mulheres não fazem isso por vergonha ou medo. Cabo Frio hoje conta com uma rede de atendimento à mulher atuante, que engloba assistência social, policial e jurídica. Temos a Deam que conta com policiais especializados no atendimento à mulher. Basta a vítima quebrar a barreira da insegurança, medo e vergonha, para que os especialistas possam ajuda-la a superar o trauma ", disse a assistente social.

Mobilização contra a pesquisa do Ipea

A equipe do Ceam está planejando um ato público em repúdio à pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com data a ser agendada. Aliás, o assunto tem dado o que falar, principalmente, nas redes sociais, onde mulheres - de várias idades e classes sociais - têm se pronunciado contra o que foi demonstrado no trabalho do Ipea.


A pesquisa revelou que a maioria da população brasileira acredita que “mulheres que usam roupas mostrando o corpo merecem ser atacadas”, e que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". 


A ideia do Ceam é a realização de passeata até a Praça Porto Rocha, no centro de Cabo Frio, com objetivo de chamar a atenção da população para esta polêmica. "O resultado da pesquisa demonstra o reflexo de uma sociedade machista, em que a mulher deve ficar submissa ao homem. Mas temos que mostrar o contrário. A mulher é dona da vida dela e também do corpo e não deve se privar de certas coisas, por achar que é culpada em atrair atenção de forma inadequada", finaliza a assistente social.  

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