quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Desabafo da família de Galo Cego, flanelinha assassinado em Cabo Frio


Carlos Roberto antes e depois das drogas


Este texto foi escrito por um familiar de Carlos Roberto, conhecido como Galo Cego, encontrado morto na manhã de ontem (30).  O autor preferiu não se identificar, mas fez questão de tornar píblico o drama vivido por familiares de dependentes químicos, para que sirva de alerta para os nossos jovens. 
Aproveito a oportunidade para manifestar nosso profundo sentimento de solidariedade à família. (Renata Cristiane)


"Na manhã desta ferça-feira, dia 30 de outubro, foi noticiado neste blog um crime bárbaro que aconteceu na cidade de Cabo Frio e que acabou repercurtindo em todos os veículos de comunicação: o assassinato do flanelinha “Galo Cego”, muito conhecido por aplicar golpes para sustentar o vício em drogas. 

Agora, eu, como familiar, venho expor para todos que o Carlos Roberto Gomes Santana Junior, conhecido como “Junior”, era um dependente químico. Ele era doente. Pois bem, mais uma vida perdida pelas drogas. Junior, nascido no Rio de Janeiro, foi criado em Campinas, São Paulo, pelo seu pai e sempre teve o conforto que hoje seria o sonho de muitos jovens. Sua família, dadas as boas condições financeiras, puderam lhe proporcionar, além de todo o carinho, estudos de melhor qualidade e bens materiais. Daí, vocês devem estar se perguntando: “mas o que ele estava fazendo perdido por Cabo Frio, vagando como um mendigo, maltrapilho e trabalhando como flanelinha”? Junior foi por diversas vezes internado em clínicas de recuperação para usuários de drogas, porém, não aguentava e fugia. Foi quando, em uma dessas fugas, veio parar em Cabo Frio, onde tem alguns familiares maternos (sua mãe é falecida), lugar onde vinha passar férias, antes de se afundar nesse vício. Recebeu todo o carinho de sua família materna, casa, conforto, dinheiro, comida, apoio… mesmo assim, sem sucesso.

Uma grande luta foi travada, tanto por parte da família, como também por parte do Junior, que nunca se conformava com a vida que estava vivendo. Mas algo era muito mais forte do que a própria vontade dele, do que todo o amor dedicado, do que a medicina: a droga.

Não estou querendo abafar os erros dele. Sim, cometeu muitos erros na ganância pelo uso. Bastava olhar a sua aparência que já estava ali estampado o erro mais grave, que foi o erro com ele mesmo. Também não estou querendo, agora, jogar a culpa ou atribur omissão a ninguém, porque só quem convive com esse tipo de doença é que sabe a grande luta que trava-se em prol da recuperação, e quanto a isso, a família dele e poucos amigos já estão com a consciência muito tranquila de que fizeram tudo para ajudá-lo. Opiniões de terceiros, principalmente estranhos a esta relação, não servirão de nada.

O objetivo deste desabafo, é relatar que o Junior, não foi um simples flanelinha moribundo que andava largado pelas ruas de nossa cidade. Ele não foi menos um verminose que alimentava esse grave problema social. Não! Ele foi mais um pai, filho, irmão, primo, sobrinho, neto e amigo levado por esse grande mal do século. Mal que ninguém consegue controlar, nem mesmo o próprio usuário, a partir do momento que entra nessa vida e se descontrola.

Frise-se… “a partir do momento que entra nessa vida e se descontrola." Será que é tão difícil perceber que existem outros prazeres de serem sentidos, outros meios de “diversão”, outras viagens etc etc??? Principalmente em nossa região, naturalmente batizada por Deus, com várias “viagens” naturais? Um exemplo: quer ficar alucinado? Experimente sentar ali no Cantinho do Forte no cair de uma tarde e admirar o sol se pôr!!

Por fim, o principal objetivo deste texto, é mostrar a todos que enquanto não existe a primeira experiência, não haverá o risco de chegar neste fim que o Junior chegou. Quantos querem e quanto custa pagar para ver? Quantos querem provar o quanto é forte o suficiente para usar e depois ficar “na boa”… ou não? Quanto vale essa briga de autoafirmação posta em uma balança junto com o fator vida (a própria vida), em troca de momentos de “vibe”? Quanto vale???? Hein???

Junior, foi devidamente velado e sepultado na manhã do dia 31/10/2013. Faltavam vinte e sete dias para ele completar 40 anos de idade. Deixou um filho, familiares e amigos, além de ter deixado também mais uma certeza de onde termina a estrada por onde se pega esse terrível caminho chamado drogas." (ass: um familiar)


Conheça o fato: http://reporterrenatacristiane.blogspot.com.br/2013/10/homem-e-morto-tiros-no-jardim-pero.html

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