Entrevista exclusiva com prefeito de Cabo Frio, Alair Corrêa: 100 dias de governo

Cem dias se passaram numa velocidade impressionante. A data é o marco de análise de governo. E como não podia ser diferente, o prefeito escolhido para começar a série de entrevistas sobre o início de mandato, convidamos o prefeito da capital da Região dos Lagos, o polêmico Alair Corrêa. 

Jogamos para o próprio prefeito a incubência de analisar sua própria administração. Programas ansiados pela população como Café do Trabalhador e Passagem a R$ 0,50 são temas abordados.

Enfrentando desafios delicados como as demissões anunciadas, pressão de vereadores e cobranças nas redes sociais. Alair Corrêa explica a situação do Plano de Cargos e a "lida" com a posição que não ocupava há oito anos: a cadeira de prefeito.

Luciano Hilário

Renata Cristiane:  100 dias de governo, qual é sua avaliação sobre a sua própria administração?

Alair Corrêa- Eu diria que apesar dos inúmeros contratempos – dentre eles as demissões, o que muito me entristeceu – tivemos bons avanços como termos feito o melhor verão de todos os tempos, com 45 dias de festas, shows, fogos, trios elétricos, carnaval de blocos, etc.

De acordo com os comentários de turistas e cabofrienses, há muito tempo não se via um verão tão bom e animado. Eu também promovi a primeira emancipação financeira de um distrito, em um município brasileiro: TAMOIOS, com 400 milhões de reais a serem entregues em dezesseis parcelas de 25 milhões. No próximo dia 22 de abril estarei entregando a segunda parcela uma vitória minha e principalmente daquele povo, que esperou por essa ocasião durante 50 anos. 

O choque de ordem dado na cidade conta com 50 % do planejado já implantado e quem passa na Avenida Joaquim Nogueira, depois de 8 anos de bagunça, hoje vê as calcadas livres dos veículos, móveis e churrasqueiras; o povo voltou a ser respeitado e anda livre pelas calcadas. Acabamos com a Secaf e a corrupção que nela campeava, criamos a COMSERCAF e estamos promovendo novas licitações para todos os serviços. 

Igualmente, no quesito limpeza da cidade, que já é outra e é novamente um prazer passear em alguns pontos como as praias e grandes avenidas sem que vejamos mais papéis ou sujeiras. Posso dizer que me orgulho de estar nas ruas da cidade pela madrugada tomando conta, cobrando serviço dos responsáveis pelos setores e dos comerciantes. Passem na Praça de são Cristóvão ao clarear do dia e vejam os donos de quiosques varrendo, tirando o lixo, e recolocando tudo em ordem: antes eles fechavam os estabelecimentos e deixavam tudo sujo, mas agora já sabem que se não mantiverem o local deles limpo, proibirei que ali trabalhem. 

Mais de 20 empreiteiras, as quais recebiam o equivalente á terceirização dos serviços de 20/30/60 homens mas na realidade não tinham nenhum, foram afastadas ou se enquadraram na minha forma de administrar.

Já quanto ao PCCR (Plano de Cargos e Salários), esse foi o meu maior acerto e o meu maior desespero. 

liderando protesto dos royalties

Acerto, porque concedi aos funcionários o que eles esperaram por mais de 30 anos. Foi maravilhoso quando entrei dias depois em alguns setores da Prefeitura e os funcionários me abraçaram e agradeceram por terem seus salários dobrados e alguns até triplicados com o Plano. Desespero, porque me vi obrigado a demitir pessoas que não podiam numa hora tão difícil ficarem desempregadas. Os " líderes sindicais" tentam tirar da implantação do PCCR o motivo do desemprego desse pessoal, fingem desconhecer a LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL e a complexidade do Plano, com seus inúmeros desdobramentos. Comentam que o impacto do PCCR foi de apenas R$ 5.048 milhões, mas omitem o reflexo em cascata do mesmo, sobre o resto dos gastos com pessoal.

Esquecem os APOSENTADOS, os efetivos da COMSERCAF, o que ocorreu na Saúde onde os médicos contratados observando os seus colegas efetivos terem os salários melhorados por causa do PCCR, simplesmente pararam de trabalhar e exigiram reajuste que dobrasse seus salários de R$5 mil (Cinco mil reais) para R$9.500 (Nove mil e Quinhentos reais). 

Deixaram as UPAs e as EMERGÊNCIAS sem médicos levando o povo a querer quebrar tudo e só voltando ao trabalho quando também elevamos seus salários para R$ 9.500 (Nove Mil e Quinhentos Reais). 

Basta que os MATEMÁTICOS dos sindicatos façam uma conta simples: temos 960 médicos (vínculos) que antes do PLANO recebiam de R$ 3, 4 e 5 mil reais. Agora recebem R$ 5, 7 e 9.5 mil reias por quatro dias por mês. A média de antes era de R$ 4 mil reais e a atual saltou para R$ 7.500 (Sete mil e Quinhentos Reais). Quatro mil X 960= R$ 3.840 milhões. Veja agora essa conta após o PLANO: R$ 7.500 mil X 960 = R$ 7.200 milhões. Observe que R$ 7.200 milhões MENOS R$ 3.840 milhões é igual a R$ 3.360 milhões, esse foi o valor a MAIS só para os médicos por causa do PCCR. 

Vejamos agora o VERDADEIRO IMPACTO do Plano de Cargos sobre a FOLHA DE PAGAMENTO: somando os R$ 5.348 milhões do impacto direto na folha salarial do servidores efetivos MAIS R$ 800 mil dos aposentados MAIS R$ 500 mil (abono) para os servidores da Secaf MAIS R$ 3.360 milhões dos médicos é IGUAL a R$ 10.048 milhões ( Dez Milhões e quarenta e oito mil Reais). Como todos podem conferir só estamos demitindo os contratados e comissionados porque concedemos aos funcionários o tão sonhado PCCR. As CONTAS  da Prefeitura estão abertas para quem quiser comprovar esses números que causaram um impacto acima do esperado na folha.

É bom lembrar que, sem o plano, paguei janeiro e a folha esteve abaixo de 40 % , fevereiro 52 % e já em Março – com os novos salários do médicos e os efetivos com seus salários dentro da Lei – a folha de pagamento ultrapassou os 70 %, ou seja, 16 % acima do que a lei permite.  Com um limite legal de 54%, o TCE orienta os prefeitos para acenderem a luz vermelha quando a folha atingir 51 % da arrecadação. Por isto estou sendo obrigado a cortar o meu pessoal e sei que vou me desculpar eternamente. Como diz o adágio popular, trata-se de “cortar na própria carne”.

Renata Cristiane: quando a população poderá contar com os programas como passagem R$ 0,50 e a reabertura do Café do Trabalhador?

Alair Corrêa- Até o dia primeiro de maio todos os programas sociais estarão implantados. Sua demora é porque resolvemos sepultar os antigos sistemas e implantar o nosso. Como O Café do Trabalhador acabou, agora teremos o LANCHE DO OPERÁRIO. O Cartão Cidadão da passagem a 1 real deu lugar ao CARTÃO DIGNIDADE, com passagens por 0,50 CENTAVOS. O transporte em Tamoios, feitos através de ônibus velhos e demorados, acabou. Agora resolvemos implantar O CARTÃO DIGNIDADE ZERO. O transporte de Tamoios será  feito pelo AZULÃO DE TAMOIOS, ônibus novos e livres.

Renata Cristiane: o senhor começou com uma câmara parceira, agora há rumores de que alguns vereadores estão descontentes articulando uma frente de oposição. Como está sua relação coma Câmara hoje?

Alair Corrêa - Minha situação com a Câmara é tranqüila e eu entendo os vereadores: se estou fazendo cortes de pessoal é justo que eles se posicionem, afinal de contas eles não foram eleitos para serem vereadores de um governo mas sim da população. É bom lembrar que, apesar de formarem um bloco de oposição ao governo no caso das demissões, não podemos esquecer da postura dos dez, que tem sido bem respeitosa para comigo e isso é bom.

Renata Cristiane: o senhor sempre foi um político antenado e habilidoso com a internet.  Usa bem as redes sociais que foram aliadas na condição de oposição. Mas e agora? Como é ser prefeito com a cobrança direta destas mesmas redes sociais? Diferente do tempo de oposição?

Alair Corrêa - A situação agora é bem diferente, antes eu criticava os meus adversários agora sou por eles criticado. A diferença é que minhas criticas eram dirigidas a um governante relapso e a uma gestão  onde uma família administrava sem compostura alguma. Eram muitos os escândalos. É verdade que eu era quase sozinho e hoje, por conta dessa indisposição com os lideres sindicais, um grupo maior tem me criticando e a rede tornou-se uma ferramenta mais forte.  O diferencial – e para pior – é que quem eles atacam é quem governa há pouco tempo. O governo não sofreu escândalo algum, e venho de uma eleição onde mostrei muita força ao enfrentar e vencer vários lideres e governos. O TSE, por seis votos a zero, me deu uma carta de alforria e me reafirmou como um político limpo. Estou na rede e sinto que o critico do Facebook não é um fake desses do Totonho; debato com meus críticos verdadeiros, de carne e osso, como faço em bom nível com a Denise Quintal e com outras pessoas. A melhor ferramenta que um político que gosta das coisas bem claras pode ter é a internet: ele responde,se defende, esclarece fatos colocados e ainda comanda seus secretários em velocidade máxima.Tenho certeza que agora, com o uso dessa tecnologia, serei um prefeito muito melhor do que fui na ultima vez.

 

Renata Cristiane: atendimento na saúde é uma demanda grande da população. O que o senhor vem realizando para melhorar essa situação?

Alair Corrêa - Acredito que aumentar os salários dos médicos e locais para trabalhar – mais postos de saúde, por exemplo – a situação ira melhorar. Estou convicto que mudaremos a saúde também.

Renata Cristiane: quais os projetos e programas que serão implementados nos próximos 100 dias?

Alair Corrêa - Posso afirmar que muitas obras serão realizadas, as cidades de Cabo Frio e Tamoios precisam e eu gosto de governar construindo sem parar.