terça-feira, 25 de março de 2014

Prisão de pastor causa polêmica em Búzios

Mesmo com promotoria alegando suspeição no 
depoimento de testemunhas, Juiz mantém prisão temporária


Fiéis protestam em frente à Igreja (Fotos: Bebeto Karolla/Folha de Búzios) 

Luciano Moreira

A prisão de Edson José da Silva, conhecido como Edson Leiteiro, pastor da Igreja Assembleia de Deus, Ministério Madureira está mobilizando a comunidade evangélica da cidade por causa das circunstâncias em que aconteceu.



Pastor Edson José da Silva
O pastor é acusado da morte de Daniel Martins Jorge, de 38 anos, ocorrida no dia  cinco deste mês.  Daniel foi encontrado com várias perfurações de arma de fogo, provenientes de uma espingarda calibre 12, ao lado de seu carro, na estrada de acesso  à fazenda do Antônio Paraíba, no bairro Marina, em Búzios. 

Daniel tinha um histórico criminal interessante: duas passagens por crimes contra a fauna, ou seja, caça, em Búzios, e uma passagem por "exercício arbitrário das próprias razões", em Itaperuna.


Durante as investigações, a polícia ouviu três testemunhas e, diante dos depoimentos, prendeu o pastor como principal suspeito do crime.  


O questionamento da comunidade evangélica começa, segundo os que defendem o pastor, a partir da fragilidade dos testemunhos.


Apenas indícios


O pedreiro José Ricardo Souza de Jesus, de 29 anos, amigo da vítima compareceu à DO para depor duas vezes. Em seu primeiro depoimento, no dia seis de março, dia seguinte ao crime, afirmou que estava com Daniel na noite de sua morte e que havia ouvido do próprio Daniel que ele estava enfrentando uma situação delicada relativa o filho do ex-dono da fazenda onde trabalhava, conhecido como Marcelinho.  Segundo Daniel relatou a José, seu patrão, dono da fazenda, estava encontrando dificuldades para fazer com que o pai de Marcelinho, o ex-proprietário, deixasse o local.  Por isso Daniel, e Marcelinho, já vinham tendo discussões constantes.  José contou, inclusive, um relato do próprio Daniel que um menor que trabalha na fazenda havia sido abordado por Marcelinho e perguntado sobre os horários e a rotina de Daniel na fazenda e que esse mesmo menor teria visto Marcelinho na cancela, local onde o crime acabou sendo praticado.


Mas, no dia 11 de março, José Ricardo compareceu novamente à DP, acompanhado de um amigo em comum com Daniel, chamado Ernandis Alves da Costa, de 35 anos.  Ernandis foi categórico ao afirmar que, na noite do crime, por volta das 21h40, estava em um bar, próximo ao local do crime e ouviu os tiros.  Logo depois, ele viu um grupo de homens passar apressado pelo local e, dentre os "cinco ou seis" homens, ele reconheceu o pastor Edson José da Silva.  perguntado sobre os demais componentes do grupo, Ernandis afirmou que não os reconheceu "pois estava muito escuro e nenhum deles olhou para dentro do bar".


A inconsistência no depoimento de Ernandis está no fato de ele ter, além de reconhecido o pastor em meio a um grupo de homens, no escuro, ele ainda enxergou a espingarda que, segundo ele, o pastor trazia rente à perna, como que para escondê-la, mas, ainda no escuro, descreveu a espingarda como sendo uma "calibre 12, com o cano serrado, pois tinha cerca de 30 setenta centímetros".


Horário desconexo


Outra fragilidade na acusação, apontada pelos que acreditam na inocência do pastor está nos horários apresentados pelas testemunhas que apontam o pastor como suspeito.


Eernandis afirma ter visto o pastor voltando do local de onde ouviu os tiros "por volta das 21h40", enquanto José Ricardo, que afirmou em seu depoimento estar com Daniel na noite de sua morte, afirmou que eles deixaram a fazenda juntos, mas em carros separados, "por volta das 23h", segundo consta em seu depoimento.


Álibi

17 membros da Igreja Assembleia de Deus, Ministério madureira, afirmam que o acusado, Edson José da Silva, estava presente ao culta na noite do dia 5, até as 21h30, de onde saiu para ir à casa de um empresário, amigo seu, assistir ao jogo entre Flamengo e Bonsucesso.
O empresário e amigo do pastor, Edvaldo Luiz Gonçalves dos Santos, inclusive, anexou ao processo uma declaração em que declara que o pastor só deixou sua casa após o jogo.

Promotoria versus Juiz


No último dia 21 deste mês, a promotora Fabíola Souza Costa analisou e deferiu um pedido de revogação da prisão temporária do pastor, citando, inclusive, que as duas testemunhas, José Ricardo Souza de Jesus e Ernandis Alves Silva Costa,eram amigos de Daniel e, assim como ele, tinham passagens pela polícia, e encaminhou o processo ao Juiz Marcelo Alberto Chaves Villas que, no mesmo dia, derrubou a revogação da prisão e manteve o pastor preso, alegando que o passado das testemunhas não interfere em seus depoimentos. 

Após essa revogação da revogação, o pastor Edson José da Silva acabou transferido para o complexo prisional de Bangu, na Capital, onde encontra-se preso.

O fato revoltou a comunidade evangélica que fez um abaixo-assinado e manifestações pedindo que a justiça reveja o caso e ressalta que nem a divergência nos horários apontados pelas testemunhas que acusam o pastor, nem o fato de Ernandis ter reconhecido, numa rua escura, apenas o pastor em meio a "cinco ou seis homens" e ter conseguido descrever, nesse mesmo escuro o calibre da espingarda, assim como o seu tamanho, foram levados em consideração pela Justiça na análise dos fatos


Depoimentos


Membros da Igreja Assembleia de Deus fizeram questão de dar seus depoimentos sobre a idoneidade e o caráter do pastor:






“Conheço Edson há mais de 20 anos, isso é uma injustiça que estão fazendo com ele. Ele é uma pessoa do bem, uma pessoa maravilhosa! Sempre nos ajudou, inclusive aqui no bairro, só faz ajudar. Não entendo o por que disso com ele. Criei minha filha com o leite que ele dava para nós aqui no bairro. Precisam ouvir mais testemunhas, ele é o pastor da igreja, ele estava na igreja nesse dia. Será que existem dois Edsons? Não entendo...- conta Daniela Ribeiro dos Santos, de 36 anos.


“Ele vendia leite de porta em porta, meus filhos cresceram na presença dele. Somos uma família. Estou aqui na congregação com toda minha família e boto minha mão no fogo por ele. Se me disserem que vou ser presa por botar a mão no fogo por ele, eu digo que vou presa. Conheço Edson há mais de 25 anos, ele ainda nem era casado. Sou Diaconisa, através dele. Tenho certeza que ele estava na igreja nesse dia, o Deus que eu sirvo não é um Deus de mentiras.”-Vera Rosa Valle de Souza, 55 anos. (de roxo na foto).









Um comentário:

  1. As mesmas pessoas que apoiam o contraditório são as que dizem bandido bom é bandido morto, santa hipocrisia viu...

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