quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

EXCLUSIVO: Entrevista com Roninho do PCC

'Dono' de favela, Roninho revela que estava em Cabo Frio para relaxar e comer peixinho frito: 'não preciso mais roubar'



Ronny Faria estava foragido do interior de São Paulo desde dezembro de 2012

Diogo Reis

Ele queria passar despercebido, mas acabou entrando para História da Polícia Militar, em Cabo Frio. Ronny Faria e Silva, 42, depois de atingir a maioridade gozou apenas de oito anos de liberdade e chegou a cursar a faculdade de Contabilidade, mas não concluiu. O crime não permitiu. Teve uma infância difícil. Fugir da polícia e cometer delitos é hábito que tem desde os 14, confessa o oitavo homem mais procurado pela polícia em São José dos Campos (SP). O Blog da Repórter Renata Cristiane teve acesso com exclusividade ao depoimento dele à Polícia Civil, na 126ª DP (Cabo Frio), que espalhou o pânico no fim da tarde desta terça-feira (4) ao tentar evitar prisão da mulher que caiu em uma emboscada da polícia.

“Eu estava tranquilo em Cabo Frio. Queria tirar minha onda, ficar com minha mulher. Comer peixe frito na beira da praia”, revelou o responsável por um assalto a um cargueiro da TAM que causou prejuízo de R$ 6 milhões para a empresa.

Ele falou, desabafou e disse que o crime foi uma saída vista como a única. Além de ter acesso precário a serviços que abririam as portas para o mundo, ele sempre foi “desacreditado”.

“Nunca tive apoio do meu velho (pai). Roubava, fazia os trampo, sempre tive que correr da polícia. Vivia rodando, policial me ameaçava, tentava pegar dinheiro de mim”, conta ele, sobre a adolescência em São José dos Campos, onde nasceu.

Sobre o tiroteio desta terça-feira (4), Roninho do PCC foi revelador. Ele confirmou que a única coisa que passou pela cabeça dele foi 'libertar' a mulher, que estava sendo conduzida à delegacia por policiais militares.

“Eu estava no (Honda) CRV observando tudo. Quando vi que ela seria levada, tomei a atitude. Eu não queria matar ninguém (policial), só queria soltar minha mulher. Por isso dei tiros para o alto, porque senão eles (os policiais) me matariam. Comigo atirando, eles parariam, pelo menos, para se defender”.

Uma ética peculiar

A relação com o crime organizado é algo íntimo e inviolável. Ele dispõe de uma ética sólida como de um bárbaro da idade média. Ainda que quisesse deixar a vida criminosa, não é capaz de dizer um “não” sequer aos companheiros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Facção na qual exerce uma liderança tão forte, a ponto de ser 'dono' de favela.

“A intenção era me afastar, mas teve essa situação: os parcero tava grudado (preso) na polícia. Me pediram e ia resolver”, revelou sobre os R$ 50 mil que ele acreditava comprar a liberdade dos comparsas.

Há muito tempo sem praticar roubos que lhe deram notoriedade no mundo do crime, como sequestros e grandes assaltos, ele esbanjava luxo, além do poder na facção. Ele comprou um veículo de luxo, emplacado em Cabo Frio para não chamar a atenção e pagou à vista. O mesmo ele fazia com os imóveis que alugava – e se mudava a cada dois meses.

“Não preciso mais roubar. Sou dono de favela”, justificou a 'ausência' dele na vida criminosa.

Arte: Jornal O Vale


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