sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Decisão de Crivella pode definir segundo turno nas eleições do Rio de Janeiro

Pré-candidato à sucessão de Sérgio Cabral, mas cotado para ser vice na chapa do PT, Crivella conversa com Dilma e aceita ficar no cargo até 31 de março.
Maurício Thuswohl, na Carta Maior.
Ainda sem ter anunciado uma decisão definitiva sobre sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro nas eleições deste ano, o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, do PRB, já se posiciona como uma peça fundamental na definição do tabuleiro político da sucessão de Sérgio Cabral (PMDB). Cortejado pelo PT para assumir a vaga de vice em uma chapa encabeçada pelo senador Lindbergh Farias, o ministro, que ainda tem pela frente mais quatro anos de mandato no Senado, pode representar, na visão da direção regional petista, o impulso decisivo para levar o candidato petista à vitória nas urnas. Por outro lado, se optar por ser candidato a governador, Crivella montará no Rio mais um palanque para Dilma, o que é visto com bons olhos pelo Planalto e por parte da direção nacional do PT.
Além de Lindbergh e Crivella, outros dois pré-candidatos ao Palácio Guanabara – Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Anthony Garotinho (PR) – pertencem a partidos que integram a base de sustentação do governo federal.
Para discutir esse cenário eleitoral e também a reforma ministerial que se aproxima, Crivella foi chamado por Dilma na segunda-feira (20) para uma reunião no Palácio do Planalto. Após cerca de duas horas de conversa, o ministro concordou em permanecer no cargo até 31 de março, prazo máximo estabelecido pela lei para a desincompatibilização dos ministros que desejam concorrer nas eleições de outubro. Segundo fontes do PT, Crivella, durante a conversa com a presidenta, deixou em aberto a possibilidade de ser vice de Lindbergh, embora apareça nas pesquisas em situação de empate técnico com o petista.
Além disso, ao atender à presidenta e concordar em não deixar o governo agora como farão outros ministros que pretendem concorrer em outubro, Crivella se dispôs a “avaliar o desempenho dos candidatos ao governo do Rio até março” para só então tomar sua decisão. Em contrapartida, recebeu de Dilma a garantia de que o Ministério da Pesca continuará sob o comando do PRB. Até o momento, o mais cotado para substituir Crivella é o brigadeiro Átila Maia, atual secretário-executivo da pasta.
No próprio Planalto, não há consenso sobre qual o melhor caminho para Crivella. A possibilidade de quatro palanques no Rio – ou três, já que a postura que adotará Garotinho durante a campanha é uma incógnita – anima Dilma. O objetivo da presidenta é alcançar uma grande votação no Rio e, com isso, consolidar um bom desempenho na Região Sudeste, já que nos dois outros maiores colégios eleitorais do país (São Paulo e Minas Gerais) a disputa com os candidatos da oposição, sobretudo com Aécio Neves (PSDB), promete ser acirrada. Por outro lado, Dilma sabe que ganhar o governo fluminense pode levar o PT a um novo patamar no Sudeste, já que, além de Lindbergh no Rio, os pré-candidatos Alexandre Padilha (SP) e Fernando Pimentel (MG) aparecem com reais chances de vitória nas urnas em outubro.
Contra Garotinho

Na direção do PT do Rio, a aliança com Crivella é considerada fundamental para deter um adversário de peso: o deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR), nome por muitos considerado como certo no segundo turno. Na mais recente pesquisa de opinião, divulgada em dezembro pelo Instituto Datafolha, Garotinho aparece na liderança com 21% das intenções de voto. Lindbergh e Crivella vêm em segundo lugar, empatados em 15% e seguidos por Cesar Maia (DEM) com 11% e por Pezão com 5% das intenções de voto.
A leitura da pesquisa mostra que uma aliança entre PT e PRB pode polarizar a disputa entre Lindbergh e Garotinho, ao passo que a manutenção da candidatura do ministro da Pesca deixa a todos os candidatos aparentemente com chances de chegar ao segundo turno, inclusive Pezão e Cesar (por enquanto o único candidato de oposição à Dilma): “A chapa Lindbergh-Crivella neutraliza Garotinho em um eventual segundo turno. É a chapa dos sonhos”, resume o recém-eleito presidente do PT-RJ, Washington Quaquá.
Enquanto Pezão se vale da condição de vice-governador e Lindbergh cumpre uma versão fluminense da Caravana da Cidadania para travar contato com os eleitores, o candidato do PR utiliza uma velha arma – seu programa de rádio – para fazer política. Além disso, Garotinho aposta no fortalecimento e em uma maior capilaridade do partido, por isso já reestruturou diretórios do PR em todos os 92 municípios do Rio. Na capital, onde sofre grande rejeição do eleitorado, o ex-governador conta com o carisma de sua filha, a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), para reverter o quadro: “A partir de março, meu pai terá uma agenda intensa tanto na capital quanto no interior do estado”, avisa a deputada.
PT deixa Cabral

A movimentação de bastidores que antecede a campanha pelo governo do Rio de Janeiro ficou ainda mais quente com o anúncio oficial, feito pelo PT no sábado (18), de que deixará o governo de Sérgio Cabral no próximo dia 28 de fevereiro.
Anunciada por Lindbergh e Quaquá, em companhia do presidente nacional do PT, Rui Falcão, após uma reunião da Executiva Estadual do partido, a decisão materializa o rompimento com o PMDB e dificulta os esforços que ainda são feitos por setores petistas e peemedebistas para consumar uma aliança já no primeiro turno, com a desistência de um dos pré-candidatos. Segundo os cálculos do próprio partido, o PT ocupa hoje cerca de 700 cargos no governo estadual, com destaque para as secretarias do Ambiente (com Carlos Minc) e da Assistência Social e Direitos Humanos (com Zaqueu Teixeira).
O PT anunciou também a realização de um grande ato público no dia 23 de fevereiro, quando Lindbergh Farias será oficialmente apresentado à militância petista como candidato do partido à sucessão de Cabral. A organização do ato será finalizada na véspera, para quando está previsto um encontro estadual do PT com o objetivo, segundo Quaquá, de “traçar as diretrizes da candidatura própria” ao Palácio Guanabara: “Queremos reunir dez mil pessoas no dia 23. Será o pontapé inicial da pré-campanha”, diz o presidente regional do PT.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Decisao-de-Crivella-pode-definir-segundo-turno-nas-eleicoes-do-RJ/4/30061

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