quarta-feira, 29 de maio de 2013

Cabo Frio ganha núcleo para diagnóstico e tratamento de doenças do sistema nervoso central

Drª Juliana Calvet Kallenbach
Pacientes de Cabo Frio, portadores de doenças desmielinizantes, que eram encaminhados para unidades hospitalares do Estado, agora serão atendidos no próprio município. A partir deste mês, o PAM – Posto de Atendimento Médico - ganha um núcleo do Centro de Estudos do Hospital da Lagoa para diagnóstico e tratamento dessas doenças, que atingem o Sistema Nervoso Central, provocando inflamação na bainha de mielina dos nervos. A principal e mais conhecida é a esclerose múltipla, que geralmente acomete adultos jovens.
- Mielina é uma substância que envolve as fibras nervosas e é importante para a comunicação entre as várias partes do Sistema Nervoso Central. Cada uma destas partes é responsável por funções específicas: movimentos, sensibilidade, visão, audição, controle de urina, por exemplo -  explica a neurologista Juliana Calvet Kallenbach Aurenção, responsável pelo tratamento no município.
Em relação às possíveis causas, as doenças desmielinizantes podem ocorrer por fatores genéticos, reações após uso de vacinas, agentes infecciosos, reações autoimunes próprias do indivíduo, e outras por fatores desconhecidos, causando sintomas na sensação, movimentos, cognição e outras funções, dependendo dos nervos ou áreas envolvidas. Além da esclerose múltipla, neuromielite óptica, neurites, mielites e encefalomielite, também são consideradas doenças desmielinizantes.
- Esses pacientes geralmente são encaminhados por neurologistas, ortopedistas e oftalmologistas. Os pacientes acometidos por essas doenças acabam procurando esses especialistas porque apresentam queixas de algum problema nas pernas e na visão, diz a neurologista.
Antes da implantação do núcleo, os pacientes eram encaminhados para o TFD - Tratamento Fora de Domicílio -, da secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio, de onde, através do Sistema de Regulação de Vagas da secretaria Estadual de Saúde, eram direcionados para um dos núcleos espalhados em todo o Estado, tendo que fazer o tratamento fora do município.
- Os pacientes já encaminhados pelo TFD vão continuar com o seu tratamento normalmente, onde já estão sendo atendidos. Este núcleo vai receber pacientes novos. É uma forma de abrir novas vagas, já que não temos condições de receber pacientes novos no Hospital da Lagoa. A instalação do núcleo em Cabo Frio irá facilitar a vida dos pacientes que vão poder se tratar perto de casa. Além disso, também vamos continuar melhorando o banco de dados do Hospital para pesquisa, explica a médica.
Quanto mais cedo as doenças forem diagnosticadas, maiores são as chances de evitar a sua progressão. Em caso de suspeita, os médicos que atendem pelo SUS no município, já estão sendo orientados a encaminhar os pacientes para consulta com a neurologista.
- A esclerose múltipla, por exemplo, em geral evolui com períodos de piora e melhora, mas existem formas da doença que evoluem progressivamente. As regiões mais acometidas são o nervo óptico, o tronco cerebral e o cerebelo. Estas lesões resultam em distúrbios visuais, da sensibilidade, paralisias e perda da coordenação motora. Assim, um primeiro surto de esclerose múltipla pode se manifestar numa pessoa por perda da visão, falta de coordenação motora. Em outra, pode se manifestar por paralisia das pernas e perda de controle esfincteriano (quando a pessoa não controla a saída da urina e das fezes). Mas é preciso cuidado no diagnóstico, porque outras doenças do sistema nervoso podem provocar sintomas similares aos da esclerose múltipla, e como profissionais, devemos afastar qualquer dúvida através de investigação adequada, conclui a neurologista.




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