A raiz da
violência
Foi
positiva a repercussão da Audiência Pública promovida em Cabo Frio pela
Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), através do deputado estadual
Jânio Mendes (PDT), que teve como tema a crescente violência por qual vem
passando as cidades da Região dos Lagos.
Mas as
soluções apontadas (não estive no encontro, apenas li várias reportagens e
comentários sobre) esbarraram na obviedade de sempre. Mais policiamento,
delegacias legais (as outras são ilegais???) e a velha cantilena sobre o
tráfico de drogas e a importação de bandidos expulsos do Rio de Janeiro após a
criação das Unidades Pacificadoras de Polícia (UPP).
O que
ninguém ataca de frente mesmo é a nossa velha hipocrisia. Recentemente uma
joalheria resolveu deixar de funcionar no Centro de Cabo Frio após ser
assaltada oito vezes. E a proprietária deixou claro que isso acontecia muito
provavelmente devido ao fato de se recusar a pagar por proteção particular. Ou
seja, não pagou, dançou.
Jânio
estava atento a isso e como esse era um assunto para o especialista em
milícias, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), ele foi trazido aqui. Mas
um ataque frontal ao problema não foi efetuado pelo simples fato de que não há
muito interesse no assunto. A maioria dos comerciantes prefere essa tal
proteção, mesmo que paguem por ela duas vezes. E quem fornece a suposta
segurança, quer o dinheiro extra, já que os caraminguás pagos pelo Estado são
bem mixurucas.
Outro
equívoco é a política das drogas. Certo que Cabo Frio não é o fórum adequado
para se chegar a solução de um tema de âmbito mundial, mas isso, na minha
opinião, deveria se repetido como um mantra: precisamos rever a legislação.
Para começar, não faz muito sentido proibir pessoas adultas de fazerem o que
estão a fim, desde que não seja matar, roubar ou prejudicar outra pessoa. E
como querem fazer isso, acabam criando um mundo paralelo para que isso seja
vendido e consumido, o que gera clandestinidade. Que por sua vez, gera
violência, corrupção policial, judicial e por aí afora.
Sem falar
que as drogas continuam circulando, não livremente, mas com bastante
elasticidade, em todos os meios sociais, desde as favelas às festas da elite.
Ou seja, estamos enxugando gelo e criando bandidos fictícios. O cara que está
na esquina traficando poderia não ser perigoso, apenas um comerciante como
outro qualquer. Mas a gente prefere que continue assim. Por pura hipocrisia.
A chegada
do crack modificou um pouco as coisas e complicou a chegada de uma política
mais liberal para o assunto, já que, se com as outras drogas, a maioria dos
usuários continuava a levar uma vida normal, trabalhando, estudando e
consumindo nas horas vagas, com ele, larga tudo e passa a viver em função de se
drogar. Mas continuo achando que cadeia e polícia não são a solução. O tema é
extenso e na próxima semana retorno a ele.
Renato, você realmente escreve muito bem! Vou querer ler sobre o 'tema' na próxima semana.
ResponderExcluirForte abraço,
Fernado