sexta-feira, 30 de março de 2012

Artigo de Renato Silveira: Pensando a violência




Pensando a violência

Na última sexta-feira, por engano, acabou sendo repetido o artigo publicado uma semana antes. Por isso, os leitores da Folha acabaram não podendo acompanhar minhas idéias sobre a questão da violência, que havia sido tema de debate em audiência pública promovida pelo mandato do deputado estadual Jânio Mendes. E como há algum tempo, por volta do meio dia da sexta-feira, envio o material para o blog da jornalista Renata Cristiane, assim o fiz, sem saber o que havia ocorrido. Por isso, o artigo também não foi publicado nos dias posteriores, pois já não era mais inédito.

E como tinha prometido voltar ao tema nessa semana, faço aqui um rápido resumo do que falei na sexta passada. Em linhas gerais, o que foi dito é que os comerciantes que pagam segurança privada a quem já é pago com nossos impostos para fazer o mesmo serviço prefere silenciar sobre o assunto. E que a nossa legislação para as drogas está totalmente equivocada quando aposta na repressão. E isso vem gerando mais e mais violência.

A saída óbvia e nada interessante para as bandas podres da política e da polícia (cada dia maiores) é a educação. É assustador ver o nível das “galeras” que se reúnem nas noites de domingo para os bailes funks da vida. Se espremer, não sai nada. A visão deles já está distorcida (e isso aqui na região ainda é menos grave do que acontece na capital e cidades grandes) por um fenômeno chamado elogio da bandidagem. Os tais “proibidões” são os que fazem mais sucesso entre eles e as arruaças, com direito a arremesso de lixo, canos de descarga de motocicletas em disparo e muita pancadaria são cenas pra lá de comuns.

Não tem educação em casa, não tem educação na escola e vira alvo fácil de uma cultura que se convencionou a se chamada no Brasil de “lei do Gerson” aquela que “gosta de levar vantagem em tudo”. Fura fila, desrespeita o próximo, pratica bullyng com o coleguinha mais fraco e se começar a ter contato com as drogas, rapidinho já estará também com uma arma na mão. A proibição da primeira leva fácil à segunda.

Já há pelo menos duas gerações perdidas por esse fenômeno e os culpados são, sem dúvida alguma, os nossos governantes. Aqui, no Rio de Janeiro, desde o tempo do saudoso Darcy Ribeiro, que idealizou os Cieps, nada se fez pela educação a não ser lançá-la ladeira abaixo. O preço pago por isso é alto demais e sem querer ser vingativo, mas já sendo, seria bastante interessante se o problema batesse à porta da casa dos culpados em formato vivo.

Não vejo solução a curto prazo, mas podemos amenizar as coisas no momento com idéias simples como não contribuir com formação de milícias, lutar por  mudanças na legislação das drogas, tirando a questão das mãos da polícia e fazer a nossa parte em casa, ensinando aos filhos, sobrinhos e netos uma coisinha básica que é o respeito ao outro. E tentar expandir isso para as escolas. Será que somos capazes ainda?

Nenhum comentário:

Postar um comentário