terça-feira, 11 de março de 2014

Moradores e comerciantes reclamam de ponto de prostituição de travestis em Cabo Frio

Denúncias apontam tráfico de drogas e exploração sexual de menores no local. Comerciantes pedem providências



Luciano Moreira

Moradores e comerciantes do bairro Ville Blanche, compreendida entre as esquinas das Ruas Porfírio Patrocínio Nascimento (Rua do Sol) e José Antônio Sampaio com a avenida Júlia Kubitschek, nas proximidades da rodoviária de Cabo Frio, procuraram o Blog para denunciar a ação de travestis que fazem ponto no local.
Local onde as travestis se concentram à noite

Os comerciantes afirmam que a presença das travestis, que chegam por volta das 20h, faz com que as pessoas evitem o local, prejudicando os estabelecimentos que ficam abertos até mais tarde: "quando chegamos, pela manhã, a primeira coisa que temos que fazer e limpar as calçadas, pois além dos vestígios de programas e de uso de drogas, às vezes elas até defecam na frente das lojas", contou um comerciante que não quis se identificar. Já os moradores, afirmam que evitam circular pelas ruas da região e que pais de adolescentes e jovens que estudam à noite são obrigados a buscá-los nas escolas ou a fazer vigília na porta das casas até que eles cheguem.
Lata utilizada para uso de crack abandonada no local

Os moradores contam que além do trânsito dos clientes que usam os serviços das travestis, a maioria de carro, há aqueles que aparecem à pé e fazem os “programas” ali mesmo, em locais mais escuros, atrás de carros e árvores.
Outro problema relatado são as constantes brigas, gritarias, palavrões e algazarra que duram por toda a madrugada.

O morador de um prédio que fica nas proximidades e que prefere não se identificar, disse que já chamou a polícia várias vezes, mas que quando a polícia aparece, as travestis somem, mas é só a polícia se retirar do local que elas reaparecem.
Prostituição não é crime, mas moradores afirmam que há menores se prostituindo no local, o que aumenta consideravelmente a gravidade do problema. Há denúncia, também, de tráfico e consumo de drogas.

Polícia

Para o comandante do 25° BPM, tenente coronel Ruy França, uma ação da polícia, pura e simples, não resolveria o problema definitivamente: "é necessária uma ação conjunta com órgãos de direitos humanos, Conselho Tutelar e de assistência social, para que essas pessoas não sejam apenas removidas do local, mas que sejam, de alguma forma reintegradas na sociedade", afirmou.  Quanto á questão do tráfico de drogas e de exploração sexual de menores, ele afirma que o serviço reservado da PM já vem acompanhando a situação há algum tempo e que, oportunamente, a Polícia Militar irá intervir.

Preconceito

Um artigo intitulado INTOLERÂNCIA SÓ COM A FALTA DE RESPEITO, publicado recentemente no Blog por Rodolpho Campbell, presidente do Grupo Iguais, que luta pelos direitos da comunidade LGBT de Cabo Frio, baseado em pronunciamento feito por ele na Câmara Municipal de Cabo Frio, abordando o caso da prostituição de travestis e condenando não a prostituição em si, mas a possibilidade de algumas delas estarem sendo vítimas de exploração sexual e a possível presença de menores de idade entre elas, provocou polêmica.

Rodolpho Campbell
Em entrevista ao Blog, Rodolpho enfatizou a situação de marginalização por que passam as travestis:  ”elas, já discriminadas por serem homossexuais, transformam seus corpos, muitas vezes sem orientação médica, tomando hormônios e remédios que as deixam mais agressivas e propensas a cometerem atos antissociais.  Essas transformações as deixam ainda mais à mercê da discriminação e da marginalização, pois acaba dificultando que consigam empregos formais ou até mesmo estudem, colocando a prostituição como a única maneira de se sustentarem.  O problema e que há pessoas que as exploram e as colocam em situações ainda mais degradante”, explica.


Para Rodolpho, é necessário que o poder público, através da secretaria municipal de Assistência Social, desenvolva um trabalho voltado a inclusão das travestis, com cursos profissionalizantes, abrigo e acompanhamento psicológico, entre outras ações: “mas, para isso é preciso que esse projeto seja desenvolvido em conjunto com entidades LGBT, pois nós vivemos a realidade do preconceito e sabemos como abordar e dialogar com elas, para que, no fim a ação não acabe tendo um teor preconceituoso também”, sentenciou.


Locais mais escuros são usados para programas
O fato é que se tornam urgentes duas ações.  Uma no local para interromper o tráfico de drogas e a exploração sexual de menores, se houver.  Outra com os personagens, as travestis, que assim como qualquer outro cidadão merecem toda a atenção do poder público, e devem ser orientadas quanto às DSTs, aos seus direitos e, principalmente, aos seus deveres e aos respeitos às normas sociais.

Assistência Social

Em nota, a prefeitura de Cabo Frio se manifestou sobre o assunto, acerca da possibilidade de uma ação da Assistência Social do município:


"A Secretaria Municipal de Assistência Social informa que nos CRAS - Centro de Referência de Assistência Social, todas as pessoas podem ser inseridas no PAIF (Programa de Atenção Integral à Família), e a partir daí, começam a ser atendidas por toda a rede socioassistencial.

No caso da prostituição, a pessoa que quiser mudar de vida e procurar outro tipo de trabalho, poderá, nos CRAS, participar das oficinas de inclusão produtiva, onde aprendem diversas profissões, como diversos tipos de artesanato, panificação, culinária de festa, doces em compotas, enfim, várias opções que podem contribuir para a geração de renda daquela pessoa.

Ao procurar o CRAS, essas pessoas serão também inseridas no CadÚnico, que é a porta de entrada para que elas tenham acesso a seus direitos, inclusive o Bolsa Família e o desconto nas contas de energia elétrica, entre outros.

A partir do CRAS, ela também poderá ser encaminhada para participar de algum curso oferecido pelo Pronatec. São cursos de capacitação profissional, como auxiliar de cozinha, aplicador de revestimentos cerâmicos, auxiliar de plataforma, entre outros.
É também nos CRAS que elas são acompanhadas por psicólogos e assistentes sociais, através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que fortalece os vínculos familiares e comunitários." 

Prostituição não é crime, mas explorar crianças sexualmente, traficar drogas ou manter pessoas em regime semelhante à escravidão são crimes graves e devem ser investigados e punidos.
Comerciantes reclamam da queda no movimento à noite



 
Veja mais: 

INTOLERÂNCIA SÓ COM A FALTA DE RESPEITO

2 comentários:

  1. Muito bem colocada toda a reportagem, a descrição dos entrevistados demonstra claramente a lamentável situação que está acontecendo nestes locais, à prostituição em si não é crime, mas sabemos que mostrar as “partes intima” e o ato sexual em locais públicos é CRIME – Atentado ao Pudor, cabível de punição.
    Assim como qualquer profissão, existem lugares propícios ao exercício do profissional. Onde há consumo de drogas, tráfico, assaltos, brigas, vandalismo (crime), destruição de patrimônio (crime), exploração de menores (crime). Temos por teoria que estes atos não estão em de acordo com a Ordem Pública – Sociedade.
    Acreditamos que estes profissionais que estão na esquina, precisam de algum auxílio! Mais uma sociedade como um todo, não pode sofrer conseqüências de outras pessoas. A principal preocupação é o que está agregado ao ato de prostituição.

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  2. A Rua José Antônio Sampaio é o pior ponto pois "eles" utilizam um canteiro localizado na esquina como banco e a lateral do comércio inclusive como banheiro. É comum passar por ali a noite e assistir a cenas de sexo. Sem essa de canto escuro.... O programa é feito ali mesmo ao lado do INEA. Comum ver partes íntimas expostas como se fosse um cardápio... Vergonha dar como referência aquela rua que fica depois da rodoviária, sentido centro, a primeira a direita... Aquela que tem um monte de travesti mostrando os peitos.... Não tem um que não conheça....

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