A beleza da Lagoa de Araruama, que banha cinco municípios da Região dos
Lagos, contrasta com a poluição das águas - cada vez menos utilizadas pela
população para atividades de recreação e lazer. Este contraste foi o ponto de
partida para que estudantes do curso de Engenharia da Universidade Veiga de
Almeida (UVA), sob a orientação da professora Carmen Silveira, realizassem o
monitoramento da água lagunar, no entorno do campus Cabo Frio, com o objetivo
de constatar as condições físico-químicas e bacteriológicas no decorrer de
2013. O projeto foi o grande vencedor do Projeto de Iniciação Científica
(PIC-UVA), este ano, na área de Ciências Exatas e da Terra.
“A Lagoa é bem mais suja do que parece”, relata a professora Carmen,
citando que ficou surpresa com a quantidade de micro-organismos nas análises,
especialmente daqueles que permaneceram vivos em condições de pouca oxigenação,
mesmo depois de 30 dias. Carmen, que monitora a água da lagoa desde 2010,
lembra que ficou encantada com o visual do campus, ainda antes de fazer parte
do corpo docente da Instituição. “Este lugar é lindo, como não vamos
preservar?”, reflete, acrescentando a urgência de ações públicas efetivas em
prol da despoluição deste importante ecossistema.
A professora conta que o histórico das condições físico-químicas
da água é compatível com o estado de poluição em que a lagoa se encontra, que
sofre mais variações durante o período de chuvas, quando recebe um aporte maior
das galerias pluviais, também usadas para o esgotamento sanitário. “Há uma
perda dos ciclos biogeoquímicos, que interferem diretamente na vida lagunar”,
destaca.
Já a análise bacteriológica, realizada desde 2012, revela a existência,
em grande quantidade, de micro-organismos nocivos já conhecidos, como
coliformes total e fecal e salmonela, além de outros que necessitam de um
estudo mais aprofundado. E este é o desafio para o próximo ano. Serão
instalados cerca de 10 pontos de monitoramento, a partir do Canal do Itajuru
até as Perynas. A existência de metal pesado também deve ser mensurada.
“Queremos descobrir qual é a probabilidade de uma pesca saudável em um lugar
tão comprometido”, diz a pesquisadora.
Maturidade
As alunas Andreia Azevedo Heringer e Eduarda Lischt acompanham a
professora Carmen na pesquisa. Andreia conta que desde o primeiro semestre
participa do grupo de pesquisa e percebe claramente sua evolução tanto em
termos de conhecimento, quanto de maturidade. “Hoje, tenho um olhar diferente,
mais específico”, compartilha, citando que a pesquisa estimula a sempre querer
fazer alguma coisa nova, descobrir algo diferente.
Professora Carmen, que tem mais de 30 anos de experiência em
laboratório, relata que se sente realizada em poder instigar o desejo pela
pesquisa entre os jovens estudantes. “A pesquisa desperta a sagacidade da busca
por outras coisas e os alunos são muito receptivos”, conta, citando a pesquisa
exige dedicação. Andreia já aprendeu que sem motivação e disposição é
impossível conciliar as atividades acadêmicas, o trabalho e a vida pessoal com
a pesquisa. “É um processo repetitivo, com resultados a longo prazo”, relata,
feliz com o reconhecimento do trabalho em tão pouco tempo.
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