quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Menina de quatro anos morre após ser baleada no colo da mãe

Moradores e familiares fazem protesto no local do crime

Texto Ana Lúcia de Oliveira
Fotos Renata Cristiane

Cartazes com fotos da menina morta
Nem toda oração foi suficiente para manter a paz no Jardim Esperança, em Cabo Frio. Na noite de quarta-feira (13), na Rua da Assembleia, um grupo de quatro pessoas que acabara de sair do culto na Igreja Universal, foi atingido por vários tiros. Entre os feridos estava uma menina de quatro anos, baleada no tórax. Anny Vitória de Souza estava no colo da mãe, Nayane dos Santos Paixão, 24, que foi atingida no braço. A criança morreu no hospital. Os autores dos disparos foram dois homens, ainda não identificados, que estavam em uma moto. O crime aconteceu por volta das 21h.

Mãe sai do hospital e chega em protesto desnorteada
Segundo testemunhas, que preferiram não se identificar, a situação poderia ter sido ainda pior, já que momentos antes, vários adultos e crianças saiam do culto na igreja. Além de Nayane e a filha, Wellignton Conceição, 21, teve a coxa atingida por tiro e Edson Pereira, 23, foi alvejado na perna.

Eles foram socorridos e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Burle, mas de lá foram transferidos para o Hospital São José Operário, em São Cristóvão. De acordo com familiares, Anny Vitória chegou no hospital por volta das 21h, mas só foi operada durante a madrugada. A menina não resistiu aos ferimentos e à perda de sangue e morreu. O corpo foi removido para o Instituto Médico Legal (IML) na manhã desta quinta-feira (14).

Moradores do Jardim protestam contra violência
Os familiares estão revoltados, alegando que a criança morreu por falta de atendimento médico. Nayane chegou a desmaiar na manhã desta quinta-feira, após ser informada da morte da filha. Ela já recebeu alta médica, mas não conseguiu dar entrevistas porque está em estado de choque. A avó da menina, que estava acompanhando a manifestação desmaiou e teve que ser levada para o hospital.


Moradores queimaram pneus na Rua da Assembleia
Um protesto foi realizado nesta manhã na Rua da Assembleia, no local onde o grupo foi baleado. Moradores com cartazes colocaram pneus no meio da rua e atearam fogo. A intenção foi chamar a atenção das autoridades para a violência no Jardim Esperança. Mais tarde, os manifestantes bloquearam a Estrada Velha de Búzios, na altura do Ciep Hermes Barcellos. A manifestação é acompanhada pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros, que somente após o deslocamento dos manifestantes conseguiu apagar o fogo nos pneus que estavam no meio da Rua da Assembleia.

Saúde alega que morte não aconteceu por 
falta de médicos  

O diretor da UPA do Parque Burle e ortopedista, Carlos Ernesto Dornellas, disse nesta manhã, que a morte da menina não aconteceu por falta de atendimento médico. Segundo ele, o problema foi que, na mesma noite e madrugada, cinco pessoas baleadas precisaram de cirurgia de emergência em Cabo Frio.

Naiane se desespera pela morte da filha
"Removemos um paciente para o Hospital Municipal Rodolpho Perissé, em Búzios, dois para o Hospital Santa Isabel, em Cabo Frio e os outros dois foram operados no São José Operário. Foi cogitada a hipótese da menina ser transferida para o Hospital Regional em Araruama, mas, devido ao estado de saúde dela, o pediatra não autorizou a transferência, alegando que a criança sofreria ainda mais. Operamos com nossa capacidade máxima, mas não houve falta de médicos, pois a equipe estava completa", explicou Carlos Ernesto. 

Motivação seria 
rixa entre traficantes

Desespero total da mãe da menina morta
O crime foi registrado na 126ª DP (Cabo Frio). Durante o protesto, moradores apontaram como autores dos disparos dois rapazes identificados como André e Filipe. De acordo com testemunhas, os dois atiraram pelas ruas gratuitamente. Naiane chegou no protesto e gritava que sabia quem tinha atirado e, se pudesse, acabaria com os acusados.

O motivo, de acordo com alguns moradores é a rixa entre os traficantes da grande Jardim Esperança. Pessoas ligadas ao tráfico e que estiveram no protesto garantem que sabem quem atirou e que os mesmos vão pagar pelo crime. "Agora é guerra. A PM só vem aqui quando tem protesto. Mas sabemos quem foi e vai ter troco", disse o homem, que preferiu não se identificar.


Avó da menina passa mal e é carregada por bombeiros


Viaturas da PM estão no local do protesto

Pneus são queimados e fecham a rua

Comerciantes fecharam as portas
Bombeiros chegam em protesto para apagar fogo


Bombeiros e a PM acompanham manifestação

Manifestantes bloqueiam Estrada Velha de Búzios

Bombeiros apagam as chamas na estrada

Muita gente na Estrada Velha de Búzios


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