terça-feira, 9 de abril de 2013

Lagoas de Búzios seguem abandonadas e poluídas



As lagoas de Búzios, que poderiam ser mais um atrativo para o turismo local, encontram-se poluídas e abandonadas. Durante a semana, foram percorridos diversos locais, e se pode constatar que, não é incomum achar saídas de redes clandestinas de esgoto doméstico, direcionados aos outrora limpos espelhos d’água.  Outro problema grave que afeta a saúde de nossas lagoas é a quantidade de lixo despejado nas mesmas e a falta de limpeza e manutenção de suas margens e entorno. Para espanto dos membros de nossa equipe, ainda hoje é repetido o  antigo habito de despejar lixo doméstico nestes locais, como se fosse algo natural.

A Lagoa de Geribá, cercada em grande parte por residências, carece há muito tempo de atenção e ação do poder público, pois além de ser um importante corpo receptor de águas das chuvas, tem papel importante no sistema natural de drenagem do local, já muito comprometido pelas inúmeras construções que formaram um cinturão que impede o caminho das águas. Durante a semana o PH pode constatar que, a lagoa que servia de fonte de pescado que complementava a dieta de muitas famílias locais, agora apresenta baixa oxigenação de suas águas, causada por excessiva sedimentação e despejo de águas servidas e esgoto. Como resultado, a atividade extrativista da pesca caiu consideravelmente e diversos peixes podem ser avistados boiando mortos ao longo de toda sua extensão.



Beleza escondida



Já a Lagoa da Helena, também conhecida como Lagoa da Ferradura, está cercada de mato em todo seu entorno, sendo que seu espelho d’água está tomado por taboas. Apesar dos inúmeros encontros ocorridos entre os representantes da associação de moradores locais, e representantes do poder público, deste, e do antigo governo, nada até agora foi feito para que se implante ali um projeto de recuperação de seus entorno, com a construção de trilhas ecológicas, e equipamentos ambientalmente sustentáveis que possam permitir ao morador e ao turista desfrutar suas inúmeras belezas. Em 2011 houve a tentativa de se estabelecer uma parceria publico privada para a contratação de um estudo de urbanização do entorno da lagoa da Helena; os moradores queriam, além das trilhas ecológicas, ciclovias feitas com piso que permitisse absorção para o sub solo da água da chuva, e a construção de calçadas que possibilitassem o acesso ao Centro da Cidade, a partir de uma simples, bela, e segura caminhada.  O poder público deu sinal verde, mas pediu que fossem apresentados os parceiros. Infelizmente uma série de desencontros, e a ausência de um documento formal da Prefeitura declarando interesse em promover melhorias no local postergaram qualquer ação no local que hoje, segue abandonado.

Já a Lagoa do Canto, que vai do canto esquerdo da Praia do Canto, até quase a Vila Caranga, segue com grande parte de seu espelho d’água tomado por gigogas, uma espécie de planta aquática que se alimenta do nitrogênio liberado por matéria orgânica normalmente encontrada nas águas poluídas por esgotos domésticos, que chegam ao seu leito a partir de ligações clandestinas a rede de captação de águas pluviais, ou por meio de despejo direto em suas águas.

Menos dramática é a situação da lagoa do Centro, localizada na Estrada da Usina. Com grande visibilidade para quem passa, e cercada por importantes vias de acesso aos bairros de João Fernandes, Ossos, Brava e Centro, a lagoa foi alvo de uma série de ações do governo passado, que, a partir de campanha e ações da secretária do Meio Ambiente, Adriana Saad, e de obras feitas ainda em 2009 pela secretária de Serviços Públicos, então comandada por Henrique Gomes, manteve-se em equilíbrio, e funcionando como um atrativo turístico daquela área, além de atuar como importante e principal corpo receptor das águas de chuvas que caem no local. Obejeto de despejo de esgoto por residências próximas a Brava, a Lagoa do Centro foi palco de uma medida extrema, levada a cabo por Adriana Saad e sua equipe, conhecida como ‘Rolha Ecológica’. A ação consistia em bloquear as saídas clandestinas de esgoto que estavam direcionadas ao corpo hídrico com concreto de rápida secagem. Desta forma todo o liquido fétido que anteriormente era despejado na lagoa, retornava a sua origem, inundando, em muitos casos, banheiros e lavanderias de residências próximas. 

Como complemento as ações de despoluição do local, o governo Mirinho Braga criou um passeio ao redor da lagoa, imediatamente equipado por um moderno e eficiente sistema de iluminação pública, feito na base de lâmpadas de baixo consumo de energia e alto potencial de iluminação por watt. Este sistema, que faz parte do projeto ‘Smart Grid’ da concessionária de energia elétrica Ampla, conhecido também como ‘Cidade Inteligente’, era para ter sido implantado em outros locais da Cidade, mas até agora ficou restrito ao entorno da Lagoa do Centro. A limpeza e controle dos jardins existentes no seu entorno e a retirada e controle das taboas no seu interior, têm sido feitos de forma regular desde a administração passada, e dá sinais de que irá continuar nesta. 



Mortandade de peixes na Lagoa dos Ossos




No inicio da semana (01/04) dezenas de peixes apareceram boiando na Lagoa dos Ossos, misturados a lixo e detritos provenientes da vegetação local. A lagoa, que no ano passado foi submetida a mais um processo de retirada de sedimentos de seu interior, numa parceria entre Município e Governo do Estado, continua vítima de uma elevatória da Prolagos que recebe todo o esgoto do bairro de João Fernandes, e parte dos Ossos, enviando-o para o tronco principal que segue pela Estrada da Usina em direção ao   Sistema de Tratamento de Esgoto a Tempo Seco do bairro de Cem Braças.

Aparentemente saturada por forte demanda proveniente de João Fernandes, bairro que abriga diversos hotéis de grande porte, além de diversas pousadas e crescente número de residências, a elevatória dos Ossos sofre com as constantes oscilações e quedas de energia, quando deixa de funcionar e despeja todo o esgoto que deveria ser direcionado a ETE para a lagoa, que fica logo ao lado. A concessionária de águas e esgoto que atende a região, Prolagos, apesar de estar equipada com uma moderna sala de controle e monitoramento de funcionamento de suas elevatórias em todas as áreas de sua concessão, e possuir frota composta por motocicletas, que, em tese, deslocar-se-iam mais rapidamente, nem sempre consegue enviar um técnico a tempo de conter o vazamento da elevatória, o que gera severo dano ao corpo hídrico vizinho.

Em relação a recente mortandade de peixes, a Prolagos informou que na segunda-feira (01), houve forte variação de energia, o que fez com que o sistema de bombeamento de esgoto fosse desligado automaticamente para preservar as bombas que impulsionam o esgoto pelo sistema. Fontes garantiram que a descarga elétrica foi de tal intensidade que chegou a derreter os fios de alimentação da Elevatória.  A concessionária informou ainda que, assim que detectou a alteração do sistema, no Centro de Controle Operacional que fica localizado em São Pedro da Aldeia, imediatamente mobilizou equipe técnica até o local para realizar os reparos necessários. Como medida paliativa enviou também caminhão limpa-fossa para retirar o esgoto acumulado no interior da Estação Elevatória, o que não evitou, contudo, que ocorresse derramamento de esgoto para o interior da lagoa. Por sorte, os serviços na unidade foram concluídos no mesmo dia e os danos foram minimizados. 



Esgoto na Lagoa chega a sessão da Câmara 



O vereador Lorram Silveira, que reside próximo a Lagoa dos Ossos, informou na terça-feira passada (2), um dia após a interrupção do funcionamento da Elevatória dos Ossos, que esta não foi a primeira vez que esse problema afeta a saúde da Lagoa do bairro.

- Qualquer queda de luz que ocorra nas imediações faz com que o esgoto seja lançado diretamente na Lagoa; dessa vez não foi diferente. Só que, ao contrário do que alega a companhia, não pareceu aos moradores ter havido oscilação de energia, mas sim um curto-circuito nas instalações da própria concessionária de água e esgoto - disse. Lorram informou também que na sessão de terça-feira o Legislativo encaminhou um requerimento para que a diretoria da Prolagos compareça a Câmara de Vereadores para esclarecer porque não se aplica uma solução definitiva para um problema conhecido por todos os moradores e autoridades de Búzios, que se arrasta por vários anos, em prejuízo do meio ambiente e comunidade local.

- O contrato entre o Município e a Prolagos vais até 2041; então precisamos fiscalizar com muita atenção os serviços que estão entregando para nossa população. Na próxima semana (8) vou encaminhar um requerimento à secretaria do Meio Ambiente para saber o que eles estão fazendo em relação a esta situação. A administração municipal já esta chegando aos 100 dias e precisamos saber o que os responsáveis por questões ambientais, como esta, estão fazendo – finalizou Lorram.


Colaborador: Guilherme Barcellos

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