As lagoas de Búzios, que poderiam ser mais um atrativo para
o turismo local, encontram-se poluídas e abandonadas. Durante a semana, foram percorridos diversos locais, e se pode constatar
que, não é incomum achar saídas de redes clandestinas de esgoto doméstico, direcionados
aos outrora limpos espelhos d’água.
Outro problema grave que afeta a saúde de nossas lagoas é a quantidade
de lixo despejado nas mesmas e a falta de limpeza e manutenção de suas margens
e entorno. Para espanto dos membros de nossa equipe, ainda hoje é repetido
o antigo habito de despejar lixo
doméstico nestes locais, como se fosse algo natural.
A Lagoa de Geribá, cercada em grande parte por residências,
carece há muito tempo de atenção e ação do poder público, pois além de ser um
importante corpo receptor de águas das chuvas, tem papel importante no sistema
natural de drenagem do local, já muito comprometido pelas inúmeras construções
que formaram um cinturão que impede o caminho das águas. Durante a semana o PH
pode constatar que, a lagoa que servia de fonte de pescado que complementava a
dieta de muitas famílias locais, agora apresenta baixa oxigenação de suas
águas, causada por excessiva sedimentação e despejo de águas servidas e esgoto.
Como resultado, a atividade extrativista da pesca caiu consideravelmente e
diversos peixes podem ser avistados boiando mortos ao longo de toda sua
extensão.
Beleza escondida
Já a Lagoa da Helena, também conhecida como Lagoa da
Ferradura, está cercada de mato em todo seu entorno, sendo que seu espelho
d’água está tomado por taboas. Apesar dos inúmeros encontros ocorridos entre os
representantes da associação de moradores locais, e representantes do poder
público, deste, e do antigo governo, nada até agora foi feito para que se
implante ali um projeto de recuperação de seus entorno, com a construção de
trilhas ecológicas, e equipamentos ambientalmente sustentáveis que possam
permitir ao morador e ao turista desfrutar suas inúmeras belezas. Em 2011 houve
a tentativa de se estabelecer uma parceria publico privada para a contratação
de um estudo de urbanização do entorno da lagoa da Helena; os moradores
queriam, além das trilhas ecológicas, ciclovias feitas com piso que permitisse
absorção para o sub solo da água da chuva, e a construção de calçadas que
possibilitassem o acesso ao Centro da Cidade, a partir de uma simples, bela, e
segura caminhada. O poder público deu
sinal verde, mas pediu que fossem apresentados os parceiros. Infelizmente uma
série de desencontros, e a ausência de um documento formal da Prefeitura
declarando interesse em promover melhorias no local postergaram qualquer ação
no local que hoje, segue abandonado.
Já a Lagoa do Canto, que vai do canto esquerdo da Praia do
Canto, até quase a Vila Caranga, segue com grande parte de seu espelho d’água tomado
por gigogas, uma espécie de planta aquática que se alimenta do nitrogênio
liberado por matéria orgânica normalmente encontrada nas águas poluídas por
esgotos domésticos, que chegam ao seu leito a partir de ligações clandestinas a
rede de captação de águas pluviais, ou por meio de despejo direto em suas
águas.
Menos dramática é a situação da lagoa do Centro, localizada
na Estrada da Usina. Com grande visibilidade para quem passa, e cercada por
importantes vias de acesso aos bairros de João Fernandes, Ossos, Brava e
Centro, a lagoa foi alvo de uma série de ações do governo passado, que, a
partir de campanha e ações da secretária do Meio Ambiente, Adriana Saad, e de
obras feitas ainda em 2009 pela secretária de Serviços Públicos, então
comandada por Henrique Gomes, manteve-se em equilíbrio, e funcionando como um
atrativo turístico daquela área, além de atuar como importante e principal
corpo receptor das águas de chuvas que caem no local. Obejeto de despejo de
esgoto por residências próximas a Brava, a Lagoa do Centro foi palco de uma
medida extrema, levada a cabo por Adriana Saad e sua equipe, conhecida como
‘Rolha Ecológica’. A ação consistia em bloquear as saídas clandestinas de
esgoto que estavam direcionadas ao corpo hídrico com concreto de rápida secagem.
Desta forma todo o liquido fétido que anteriormente era despejado na lagoa,
retornava a sua origem, inundando, em muitos casos, banheiros e lavanderias de
residências próximas.
Como complemento as ações de despoluição do local, o governo
Mirinho Braga criou um passeio ao redor da lagoa, imediatamente equipado por um
moderno e eficiente sistema de iluminação pública, feito na base de lâmpadas de
baixo consumo de energia e alto potencial de iluminação por watt. Este sistema,
que faz parte do projeto ‘Smart Grid’ da concessionária de energia elétrica
Ampla, conhecido também como ‘Cidade Inteligente’, era para ter sido implantado
em outros locais da Cidade, mas até agora ficou restrito ao entorno da Lagoa do
Centro. A limpeza e controle dos jardins existentes no seu entorno e a retirada
e controle das taboas no seu interior, têm sido feitos de forma regular desde a
administração passada, e dá sinais de que irá continuar nesta.
Mortandade de peixes na Lagoa dos Ossos
No inicio da semana (01/04) dezenas de peixes apareceram
boiando na Lagoa dos Ossos, misturados a lixo e detritos provenientes da
vegetação local. A lagoa, que no ano passado foi submetida a mais um processo
de retirada de sedimentos de seu interior, numa parceria entre Município e Governo
do Estado, continua vítima de uma elevatória da Prolagos que recebe todo o
esgoto do bairro de João Fernandes, e parte dos Ossos, enviando-o para o tronco
principal que segue pela Estrada da Usina em direção ao Sistema de Tratamento de Esgoto a Tempo Seco
do bairro de Cem Braças.
Aparentemente saturada por forte demanda proveniente de João
Fernandes, bairro que abriga diversos hotéis de grande porte, além de diversas
pousadas e crescente número de residências, a elevatória dos Ossos sofre com as
constantes oscilações e quedas de energia, quando deixa de funcionar e despeja
todo o esgoto que deveria ser direcionado a ETE para a lagoa, que fica logo ao
lado. A concessionária de águas e esgoto que atende a região, Prolagos, apesar
de estar equipada com uma moderna sala de controle e monitoramento de
funcionamento de suas elevatórias em todas as áreas de sua concessão, e possuir
frota composta por motocicletas, que, em tese, deslocar-se-iam mais
rapidamente, nem sempre consegue enviar um técnico a tempo de conter o
vazamento da elevatória, o que gera severo dano ao corpo hídrico vizinho.
Em relação a recente mortandade de peixes, a Prolagos
informou que na segunda-feira (01), houve forte variação de energia, o que fez
com que o sistema de bombeamento de esgoto fosse desligado automaticamente para
preservar as bombas que impulsionam o esgoto pelo sistema. Fontes garantiram
que a descarga elétrica foi de tal intensidade que chegou a derreter os fios de
alimentação da Elevatória. A
concessionária informou ainda que, assim que detectou a alteração do sistema,
no Centro de Controle Operacional que fica localizado em São Pedro da Aldeia,
imediatamente mobilizou equipe técnica até o local para realizar os reparos
necessários. Como medida paliativa enviou também caminhão limpa-fossa para
retirar o esgoto acumulado no interior da Estação Elevatória, o que não evitou,
contudo, que ocorresse derramamento de esgoto para o interior da lagoa. Por
sorte, os serviços na unidade foram concluídos no mesmo dia e os danos foram
minimizados.
Esgoto na Lagoa chega a sessão da Câmara
O vereador Lorram Silveira, que reside próximo a Lagoa dos
Ossos, informou na terça-feira passada (2), um dia após a interrupção do funcionamento
da Elevatória dos Ossos, que esta não foi a primeira vez que esse problema
afeta a saúde da Lagoa do bairro.
- Qualquer queda de luz que ocorra nas imediações faz com
que o esgoto seja lançado diretamente na Lagoa; dessa vez não foi diferente. Só
que, ao contrário do que alega a companhia, não pareceu aos moradores ter
havido oscilação de energia, mas sim um curto-circuito nas instalações da
própria concessionária de água e esgoto - disse. Lorram informou também que na
sessão de terça-feira o Legislativo encaminhou um requerimento para que a
diretoria da Prolagos compareça a Câmara de Vereadores para esclarecer porque
não se aplica uma solução definitiva para um problema conhecido por todos os
moradores e autoridades de Búzios, que se arrasta por vários anos, em prejuízo
do meio ambiente e comunidade local.
- O contrato entre o Município e a Prolagos vais até 2041;
então precisamos fiscalizar com muita atenção os serviços que estão entregando
para nossa população. Na próxima semana (8) vou encaminhar um requerimento à
secretaria do Meio Ambiente para saber o que eles estão fazendo em relação a
esta situação. A administração municipal já esta chegando aos 100 dias e
precisamos saber o que os responsáveis por questões ambientais, como esta,
estão fazendo – finalizou Lorram.
Colaborador: Guilherme Barcellos
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