terça-feira, 31 de julho de 2012

A Casa da Flor de São Pedro da Aldeia – Tudo caquinho transformado em beleza













Por Sabrina Gouveia


A Casa da Flor é uma grande obra prima da arquitetura espontânea do país, construída com lixo e resto de obras.

A casa, iniciada em 1912, pequena, de pé-direito baixo e três cômodos apenas - sala, quarto e depósito para guardar quinquilharias. Lentamente, à medida que ia conseguindo o material, foi erguendo a casa de pau-a-pique, utilizando também, pedras para o assoalho e algumas paredes, a partir de 1923, após um sonho do artista, passou a ser acrescida aos poucos de objetos encontrados no lixo, cacos de cerâmica, de louça, de vidro, de ladrilhos e de outros objetos considerados imprestáveis para o uso: lâmpadas queimadas, conchas, pedrinhas, correntes, tampas de metal, manilhas, faróis de automóveis, entre outros. Aos poucos foram formadas flores, folhas, mosaicos, cachos de uvas, colunas e esculturas fantásticas, fixados dentro e fora da casa.

Com estilo comparado ao Gaudí, arquiteto catalão,  o humilde Gabriel Joaquim dos Santos(1892-1985), filho de uma índia e de um ex-escravo africano, negro, pobre, começou a vida como lavrador, depois trabalhou nas salinas da Região, nunca frequentou uma escolha, e era muito apegado as suas coisas, no quintal da Casa da Flor estão enterrados seus bichos de estimação, uma galinha e três cachorros. Durante a construção, vizinhos o chamavam de louco por usar lixo, hoje, após sua morte, ele é considerado um gênio por ter a visão da reciclagem há 90 anos.
A inteligência do Gabriel surpreende qualquer pessoa, a sua casa possuía calhas para recolher a água das chuvas e eram armazenadas em um jarro de barro que possuí entradas e saídas de ar, aproveitando os fortes ventos da região para manter a água fresca.

Quem quiser conhecer a Casa da Flor, ela fica na Estrada dos Passageiros, 232, no Vinhateiro, em São Pedro da Aldeia. A visita custa R$2 por pessoa e é guiada pelo Valdevir Soares dos Santos, sobrinho-neto do artista Gabriel.

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