Familiares duvidam da gravidez de oito

Familiares duvidam da gravidez de oito

Para eles, o desencontro de informações é grande, o que leva a achar que a gestação pode ser fantasiosa

Folha dos Lagos - Matéria: Jotta Júnior - Foto: Johnny Wander

O caso da grávida de óctuplos se tornou um drama envolvendo duas famílias da região. Sem informações concretas, tanto a família de Carla Oliveira Cabral, 30, em Cabo Frio, quanto a de Ricardo Ribeiro Viana, 33, em Arraial do Cabo já sustentam a possibilidade do caso ser uma farsa. Segundo os familiares, desde o dia 6 último, o casal mantém contato somente pelo telefone, em ligações pertubadoras. Quem sempre liga é Ricardo, que afirma estar em Minnesota, nos Estados Unidos, onde Carla teria dado à luz a oito bebês no dia 12 último. Parto que seria filmado e acompanhado pelo canal inglês Disco-very Channel, para o programa “A Chegada dos Múltiplos”.  

A história do casal caiu por terra depois que a Assessoria de Imprensa do Discovery enviou e-mail para a Folha dos Lagos, na tarde de anteontem, afirmando desconhecer a história da grávida de óctuplos, bem como do contrato firmado para a cobertura da gestação. Diantes desta afirmação, o caso ganhou novos rumos em que nem mesmo os familiares acreditam fielmente na história de Ricardo e Carla.

José Roberto Cabral, 60, o Beto Chur-rasqueiro, pai da gestante, confirma que no dia 6 último, levou a filha e o genro para o Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, de onde o casal embarcaria para Brasília, onde faria uma conexão para Minnesota. Segundo ele, para o deslocamento até o aeroporto, foi necessário a família completar o combustível do carro para o casal que ainda pegou emprestados R$ 100. 

O pai de Carla conta que, do dia do suposto embarque até agora, todos os contatos feitos com o casal foram por telefone e sempre com Ricardo ligando de números não identificados. 

– Somente ele (Ricardo) faz contato. Não temos nenhum numero para ligar para os dois. Ele me liga todo dia, seja em casa ou no meu celular – disse Beto.

O que levou o pai de Carla a duvidar do caso foi quando ele resolveu ligar para as médicas que, segundo a filha, acompanhariam a gestação no Brasil. A primeira, uma médica, cujo nome ele preferiu não divulgar, não existe. A outra médica, seria uma especialista da Universidade em São Paulo (USP), mas a mesma afirmou que nunca atendeu nenhuma paciente do Rio de Janeiro.

Caso movimenta ruas

de Arraial do Cabo

Em Arraial do Cabo, o assunto principal nas rodas de bate-papo não é outro senão a gravidez dos oito bebês. Pela cidade, o clima é de desconfiança e ninguém acredita na possibilidade das crianças terem nascido. Um vizinho do ca-sal, que mora Rua Damião Teixeira, que pediu para não ser identificado, acredita que tudo é uma mentira.

– Isso é uma farsa. Se for mesmo mentira, não vai durar muito tempo. Eles vão voltar e as crianças terão que aparecer – disse ele. Segundo este vizinho, a tristeza maior é com relação a dona Alice, 76, mãe de Ricardo, que desde que o assunto se tornou publico, evita sair de casa e está muito triste. 

– Ela quase não sai de casa, e por ser hipertensa, todos estão a poupando. Eles são pessoas honestas e sérias, não merecem passar por uma situação como essa – contou.

Casal teria recebido

R$ 65 mil em doações

Ainda em Arraial do Cabo, os comentários sobre o caso, ganham proporção com a possibilidade de o prefeito An-derson Cardoso de Brito, o Andinho, ter se comovido com a situação e doado pessoalmente de cerca R$ 20 mil pra o casal. Além do prefeito, familiares de Ricardo dizem que foram lesados em mais de R$ 45mil. Valores que são desconhecidos por Sonia Maria Oliveira, 53, mãe de Carla. 

– Eles compravam as coisas parceladas nos meus cartões de crédito. Se existe criança, ou não, nós não sabemos. Tor-cemos para que  isso não seja uma farsa. Minha filha não é dessas coisas. Agora dinheiro, que eles teriam recebido de políticos e outras pessoas é tudo mentira. Eles vivem com muita dificuldade, compravam e pagavam direitinho – contou a mãe de Carla, confirmanndo que a filha, antes de embarcar, realizou o tradicional chá de bebe, com a presença de familiares, amigos e integrantes da igreja Metodista, onde  a família congrega.

Sônia Oliveira se diz muito triste. Segundo ela, imediatamente após nascimento dos bebês, o genro ligou, combinado a ida dela para o Estados Unidos para auxiliar a filha. 

– É uma coisa muito triste e não sabemos o que fazer. Estamos desorientados, sem informação, duvidando de tudo e sendo acusado por todos. Eu estou cortando caminho para ir aos lugares, evitando encontrar pessoas conhecidas por não ter informações concretas sobre minha filha – desabafou.

Pai aciona a Polícia 

Federal para investigar

O pai de Carla informou que acionou um amigo da Polícia Federal, cujo nome ele preferiu manter em sigilo, que fez contato com o Hospital nos Estados U-nidos e lá foi informado de que não havia nenhuma paciente brasileira e muito menos com o nome de Carla. 

Segundo Beto Churrasqueiro, o tal amigo está em contato com a embaixada brasileira nos Estados Unidos para levantar informações. De acordo com ele, o amigo já levantou com profissionais norte americanos, a possibilidade de realmente existir o contrato com o canal de televisão, que teria sido quebrado em função de Carla ter entrado em coma por causa de uma Eclampsia,  doença caracterizada pela hipertensão (alta pressão arterial), e de um dos bebês ter morrido.

Segundo Sonia Oliveira, Ricardo informou que na quinta-feira passada, a Carla teria saido do coma e no domingo, ainda com dificuldade para falar, a filha trocou algumas palavras com ela por telefone.

– Ela confirmou toda a história. Agora o que nos resta é esperar para saber o que é verdadeiro e o que não é – disse.

Segundo ela, o casal embarcou para os Estados Unidos com os nomes dos oito bebês já escolhidos. Além disso, Carla confeccionou diversas lembran-cinhas, com os nomes das crianças: Es-ther, Emanoela, Elisá, Radassa, Eliakim, Mathias, Samuel e Ismael. De acordo com Beto Churrasqueiro, os bebês estariam com cerca de 500 gramas cada um, medindo cerca de 18 centímetros e todas em incubadoras.