segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Região dos Lagos: obras prometem mais engarrafamentos neste verão





Funcionária da Caixa Econômica Federal em Niterói, Erliete Buono, ou Lili, de 51 anos, tem jornada de trabalho de seis horas diárias. Só que, como mora em Cabo Frio, ela invariavelmente passa sete horas por dia ao volante do seu carro. 

O inverno termina este domingo, mas o calor do fim de semana passado deu a largada antecipada para o verão: naqueles dois dias passaram pela Via Lagos 70 mil veículos, 30% a mais que o movimento normal. Com isso, milhares de cariocas começaram a sofrer tanto quanto Lili nos intermináveis engarrafamentos nas estradas que ligam o Rio à Região dos Lagos (subrregião da Baixada Litorânea). E quando ao bom tempo somam-se obras, está desenhado o cenário do inferno.



Ir e voltar da Região dos Lagos é um exercício de paciência que pratico diariamente. Até pouco tempo, engarrafamento era sinal de acidente à frente, mas hoje não existem motivos aparentes. A situação fica caótica quando obras nas rodovias demoram meses. Ao passar pela obra, observo que existem poucos ou nenhum operário trabalhando — lamenta Lili, que entregou o apartamento que mantinha em Niterói e aguarda transferência para a agência de Cabo Frio.

BR 101 (Manilha)
Basta a previsão indicar tempo bom no sábado e no domingo para os cariocas pegarem a estrada e enfrentarem congestionamentos como o registrado há uma semana, quando muita gente perdeu mais de cinco horas para cobrir o percurso de 150 quilômetros. Com isso, acenderam-se as luzes de emergência: o próximo verão promete engarrafamentos maiores que os dos anos anteriores, por causa do aumento do número de veículos e das obras que estão sendo feitas na BR-101 Norte, em Niterói e Itaboraí, e na Via Lagos, em Araruama. Além das obras, que estão interditando pistas, são ruins as condições da RJ-106 (Rodovia Amaral Peixoto, que beira o litoral), a via estadual opcional para fugir dos engarrafamentos na BR-101.

Além disso, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) aumentou o número de radares nas estradas — são 29 somente entre Tribobó e São Pedro da Aldeia —, e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) instalou, com autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), nove faixas de sinalizadores (tachões brancos) na frente de seu posto em São Gonçalo. Os tachões, uma espécie de quebra-molas, estão provocando engarrafamentos em dias de grande movimento na volta ao Rio.

A PRF explicou, em nota, que os sinalizadores visam a garantir a segurança na entrada e saída de quem vai ao posto. Os motoristas param, segundo a PRF, pelos mais diversos motivos: ir ao banheiro, fazer e receber telefonemas, pedir para usar a tomada do posto para fazer ligação urgente de celular, trocar/amamentar crianças, beber água, procurar auxílio médico etc. A velocidade máxima em frente ao posto é de 60 quilômetros por hora.
O drama começa na Ponte Rio-Niterói, por causa do afunilamento da Avenida do Contorno, cujas obras de aumento de capacidade só ficarão prontas em 2015. Logo adiante há outro grande ponto de retenção, que é o Trevo de Manilha, para onde convergem os veículos procedentes de Magé e da Região Serrana, pela BR-493, e de São Gonçalo e de parte de Niterói, pela BR-101.

Na altura de Itaboraí, a concessionária Autopista Fluminense está fazendo obras no quilômetro 289, com interdição da pista da direita. O mesmo acontece no quilômetro 286, no sentido Niterói. A Autopista informa que vai investir R$ 1,1 bilhão na BR-101 Norte nos próximos cinco anos, garante que os trabalhos terminam antes do verão e dá uma boa notícia: o início das obras de iluminação da BR-101 ao longo de 27 quilômetros entre Niterói e Itaboraí. A situação das estradas preocupa as autoridades municipais e o setor de turismo, principal fonte de renda da região.


— Nós investimos na divulgação dos atrativos da Região dos Lagos em feiras nacionais e internacionais, mas as condições das estradas, infelizmente, atrapalham o desenvolvimento do turismo — queixa-se o prefeito de Cabo Frio, Alair Corrêa.

Na RJ-106 (Tribobó-Araruama), a solução seria a duplicação da rodovia a partir de Macaé até Araruama. O projeto está em análise pelo governo estadual, segundo o presidente da Fundação Departamento de Estradas de Rodagem do estado, Henrique Ribeiro.
Búzios só durante as férias, diz bióloga.

Para evitar a fuga de hóspedes, muitas pousadas da Região dos Lagos estão dando dicas de horários e vias opcionais para evitar os engarrafamentos. A melhor dica é seguir para a região na manhã de sexta-feira e voltar ao Rio na tarde de segunda. Mas isso é só para quem pode. A maioria dos turistas trabalha nesses dias, o que contribui para os engarrafamentos na sexta-feira à noite e no fim da tarde de domingo.

— Desisti de ir a Búzios, que frequento há 15 anos, em feriadões. Fim de semana, então, nem pensar. Agora só mesmo nas férias, quando a gente pode programar a viagem para terça, quarta ou quinta-feira e evitar os engarrafamentos — lamenta a bióloga Valéria de Sousa, de 51 anos, moradora de Jacarepaguá.

Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Búzios, Thomaz Weber, a hotelaria da Região dos Lagos tem dois grandes inimigos: as estradas ruins e os sites de previsão do tempo.

— Os acessos ruins há muito tempo prejudicam a venda de pacotes turísticos, porque os problemas são frequentes e conhecidíssimos, principalmente nos fins de semana ensolarados e nos feriadões. Os sites de previsão do tempo são tão prejudiciais quanto as estradas. O tempo na Região dos Lagos não é o mesmo do Rio, mas eles colocam tudo na mesma previsão e afugentam os turistas. O índice de acertos desses sites é de 25% no mundo e de 12% no Brasil —critica Weber.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/regiao-dos-lagos-obras-prometem-mais-engarrafamentos-neste-verao-10082453#ixzz2fiCJ0rEV 

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