sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Artigo de Renato Silveira: Uma greve complicada




Uma greve complicada

Desde a meia noite de hoje, os agentes de segurança pública do Rio de Janeiro (Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros) estão em greve. Escrevo essas linhas antes do movimento começar e corro o risco (na minha visão, muito pequeno) de me equivocar e nada disso acontecer. Como a paralisação é dada como certa, só nos resta esperar para ver que bicho vai dar e quem tem a sua fé, seja em Jesus, nos Orixás, em Buda, Alá ou qualquer outra entidade, o melhor a fazer é rezar para que a encrenca não seja tão grande.

Não quero aqui entrar nos aspectos legalistas do movimento, se militar pode ou não fazer greve, se o reajuste reivindicado teria de ser incluído no Orçamento e portanto, não pode mais ser concedido esse ano ou se conceder aumento a uma categoria de servidores feriria o princípio da paridade e todo o funcionalismo teria direito ao que fosse dado aos grevistas. Tudo isso poderia ser contornado porque nossos policiais e bombeiros realmente ganham muito mal e merecem tratamento melhor por parte do Estado que tem a segunda maior arrecadação do país.

Ocorre que o governador do Estado é Sérgio Cabral Filho, que parece muito mais interessado em fazer política, no pior sentido da palavra, do que governar. E suas declarações sobre o tema até agora soam como a de um alienado. É inacreditável que ele fique repetindo que o movimento é conduzido por meia dúzia e que a maior parte da corporação não vai aderir. As ruas, que ele parece não conhecer mais, estão dizendo o contrário.

Mas Sérgio Cabral não será vítima dessa greve. Se o bicho pegar, ele se manda para Paris, de onde não devia sair mais. A população é que vai ter de conviver, sem defesa, com a bandidagem, os maus policiais e toda uma série de encrencas que se multiplicam quando lembramos que estamos ás vésperas do Carnaval, época em que  consumo exagerado de álcool e outras drogas liberam o que há de melhor e pior nos seres humanos.

Na Região dos Lagos, a situação piora porque a população quintuplica nessa época e a mistura de turistas de boa e má procedência sempre fez com que o comando da PM e Bombeiros pedisse reforço. Agora, nem se fala nisso. Anuncia-se uma festa pra lá de perigosa.

No dia a dia, a coisa vai ficar tensa também. Aqueles bandidinhos que não entram nas casas para furto e roubo por medo de ser denunciado para 190 por vizinhos, sem o serviço, vão deitar e rolar. A casa do governador não será vítima disso. Assaltos a mão armada vão aumentar e, como na Bahia, o número de homicídios, que já não é pequeno, pode bater recorde.

Acredito ser pra lá de justa as reivindicações das categorias, mas o que os grevistas deveriam entender é que esse tipo de movimento sequer faz cócegas em Sérgio Cabral Filho e sua tropa. A vítima, mais uma vez, será a população. Que tal fazer uma greve ao contrário, trabalhando mais, com tolerância zero? Burlou a lei, cana. Não interessa quem fosse. Isso sim ia incomodar. Já imaginou quanta gente graúda ia parar em Bangu? 

2 comentários:

  1. PARABÉNS PELA MATÉRIA RENATO, SEMPRE COM SENSIBILIDADE PARA CAPTAR E TRANSMITIR COM CLAREZA EBJETIVIDADE A NOTÍCIA !!! ESSE GOVERNADOR SE ACHA O REIZINHO, SEMPRE ACIMA DO BEM E DO MAL !!!

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  2. É exatamente o que penso e venho dizendo.

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