Dejetos do Mercado Municipal Sebastião Lan vão direto para calçada (Foto: Diogo Reis) |
Não é de hoje que as queixas sobre o esgoto da cidade estampam as páginas da Folha dos Lagos. No mês passado, moradores e comerciantes de São Cristóvão, em Cabo Frio, município da Região dos Lagos do Rio de Janeiro, clamavam por reformas na Rua Vinte e Cinco de Dezembro – as obras começaram no último dia 17, quando a Folha dos Lagos publicou a queixa da população.
Outro ponto da cidade que já tira a paciência dos moradores é a Rua Moreira Duarte Azevedo, no Jardim Flamboyant. A principal reclamação é a falta de manutenção das manilhas que, segundo os moradores, estão ruins, e não são trocadas.
Além dos alagamentos, o esgoto está retornando para as residências e entupindo cisternas. O Mercado Municipal Sebastião Lan, que fica na mesma rua, não sofre o mesmo processo. O escoamento, em vez de retornar, vai diretamente para a calçada.
Moradora caiu em buraco causado por falta de manutenção em manilhas (Foto: Arquivo Pessoal) |
Para Bianca Bruno, moradora do bairro, a situação está intolerável e nenhuma providência, segundo ela, é tomada pelo poder público.
– Os ralos ficam todos entupidos quando chove e eles falam que as manilhas estão em perfeitas condições. O esgoto retorna para a casa dos moradores, a rua fica toda entupida e não dá nem para passar direito – criticou Bianca, que diz gastar R$ 250 de quatro em quatro meses com serviço de desentupimento.
Moradora mostra rede de água pluvial sobrecarregada de esgoto (Foto: Diogo Reis/Folha dos Lagos) |
Antônio Marques, síndico do condomínio Residencial Cristal, também diz que soma prejuízos. Ele mostrou a sujeira dentro dos bueiros e disse que muitos pedidos já foram feitos à secretaria de Obras para a solução do problema.
O secretário de Serviços Públicos, Renato Vianna, culpa a gestão pela falta de manutenção e promete tomar providências para a situação.
Procurado pela Folha dos Lagos, o secretário de Obras, Paulinho Castro demonstrou estar ciente da questão e decidiu mandar mais máquinas para o local.
Juarez Lopes, engenheiro sanitarista (Foto: Arquivo/Folha dos Lagos) |
Grande Fossa – O engenheiro sanitarista da prefeitura Juarez Lopez condena o projeto de
escoamento de esgoto. Segundo o especialista, a solução para o esgoto é separá-lo da rede pluvial. O assunto chega a tirar do sério o engenheiro sanitarista da prefeitura de Cabo Frio, Juarez Lopes. A situação do fedor é antiga e não para de se agravar. Em entrevista ao jornal Folha dos Lagos, o especialista aponta inúmeras falhas em como é conduzido o projeto de saneamento da cidade de Cabo Frio. Apesar de dentro da legalidade, ele considera a falta de rede separadora de esgoto um “crime contra a engenharia”.
– O nome já diz: rede pluvial. Manilha é para transportar água da chuva. O cimento reage à solução ácida que é o esgoto, gera gases e eles tendem a ir para atmosfera, pelo esgoto. O cimento é poroso e acumula matéria orgânica. Para transportar o esgoto é necessário tubulação especial, com material que resista ao contato com essa solução. Cabo Frio está sendo transformada em uma fossa gigante – critica, com veemência, Juarez Lopes, que acredita que a solução está num projeto que considera “audacioso, mas necessário” de longo prazo.
– É preciso de uma rede separadora urgente. A maneira como se foi dada a concessão foi errada, essa mistura não deveria ser permitida – acredita.
Em nota, a Prolagos responde: “O mau cheiro em alguns pontos no Centro é decorrente da coleta de esgoto pela galeria de água pluvial, que é agravado pelo lançamento irregular de óleo de cozinha, que entope a rede. Alguns estabelecimentos não possuem caixa de gordura ou estão subdimensionadas”. A Concessionária informa que realiza diariamente manutenção nas redes coletoras e galerias. Segundo a concessionária, “a Prolagos tem que tratar somente o esgoto doméstico e não a gordura”.
Moradores são obrigados a conviver com esgoto na rua (Foto: Diogo Reis/Folha dos Lagos) |
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